Indicadores potencialmente inflamáveis

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Austeridade, essa palavra maldita que o governo socialista faz questão de colar ao governo social-democrata de Passos Coelho, voltou à baila no Parlamento, nos debates que antecederam a votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2022. Hoje, verdade seja dita, não estamos perante a austeridade exigida pela bancarrota e as medidas da troika, mas também não estamos perante um Orçamento que usa todas as armas para enfrentar as graves consequências económicas e sociais de uma pandemia e de uma guerra na Europa sem fim à vista.

Pode ser feito mais, sem perder a responsabilidade de ter as contas em dia e a dívida controlada, olhando para as necessidades reais das famílias e das empresas, sejam elas as grandes ou as pequenas. E uma das armas que não está a ser usada plenamente é a do ISP. Vivemos o momento que poderia ficar na história como aquele em que o governo socialista decidiu ter a coragem de rever o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos. O pior que existe ao nível da competitividade dos países é o próprio imposto sobre os combustíveis, como já reconheceu a Comissão Europeia. Rever o ISP seria uma medida importante para a nação, até porque, sublinhe-se, a transição energética ainda vai demorar. Nada disto quer dizer que não se deva apostar nas energias alternativas e renováveis, mas não vale a pena ter a ilusão de que podemos viver sem os combustíveis fósseis de um dia para o outro ou que, mantendo o imposto alto, as famílias e as empresas vão deixar os depósitos dos automóveis sem gasolina ou gasóleo.

Junta-se a este ingrediente potencialmente inflamável em termos sociais e económicos um outro: a inflação. Este indicador disparou para 7,2% em abril (em vez dos 5,3% em março), o valor mais alto em 29 anos, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Por vezes, basta um único fósforo para inflamar rastilhos como estes. Olhos bem atentos e políticas responsáveis, que não deixem ninguém para trás nem (ainda) mais pobre, precisam-se!

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