A percentagem de catalães que acham que a Catalunha devia ser um estado independente (32,9%) está no valor mais baixo dos últimos seis anos, segundo a sondagem do Centro de Estudos de Opinião, ligada à Generalitat. É uma queda de 7,3 pontos percentuais desde outubro. A maioria (36,3%) dos 1200 inquiridos defende que a Catalunha devia ser uma "comunidade autónoma de Espanha". Apesar disso, se as eleições fossem agora, os partidos independentistas manteriam (e podiam até reforçar) a maioria absoluta no Parlamento. Mas a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), de Oriol Junqueras, seria mais votada do que o Junts per Catalunya (JxCat), de Carles Puigdemont..Na resposta direta à pergunta "quer que a Catalunha se converta num estado independente", 40,8% dos inquiridos responderam "sim" - o valor mais baixo desde que a questão começou a ser colocada, em dezembro de 2014. Em outubro de 2017, eram 48,7% os que respondiam afirmativamente, o que representa uma queda de 7,9 pontos percentuais. Pelo contrário, 53,9% dizem que "não", mais 10,3 pontos do que três meses antes (o trabalho de campo foi feito entre 10 e 30 de janeiro)..Na pergunta "em relação ao processo [independentista], o que acha que devia fazer o governo" catalão, 35,9% defende "procurar um acordo bilateral com o governo central" espanhol, com apenas 19% a defender a via unilateral. 20,8% apostam por abandonar o processo e participar na comissão de reforma da constituição e do sistema de financiamento, criado no Congresso espanhol, enquanto 11,7% querem continuar como o atual estatuto de autonomia da Catalunha..Na primeira sondagem do Centro de Estudos de Opinião desde as eleições antecipadas de 21 de dezembro, os inquiridos voltam a dar a maioria absoluta aos partidos independentistas. De facto, poderiam passar dos atuais 70 deputados a algo entre 69 e 74 representantes. Esta maioria seria possível graças a uma subida da ERC (de 32 deputados a entre 33 e 35) - disputando a vitória eleitoral com o Ciudadanos, que dos atuais 36 representantes ficaria também entre 33 e 35 - e dos antissistema da Candidatura de Unidade Popular (CUP), que no melhor cenário duplicava os atuais quatro deputados. Pelo contrário, o JxCat ficaria longe dos 34 representantes que elegeu em dezembro, passando para entre 29 e 31..O partido de Puigdemont, autoexilado em Bruxelas ao contrário de Junqueras que está preso ao abrigo do processo independentista, pode estar a ser prejudicado pela situação de bloqueio da investidura. Mais de dois meses após as eleições autonómicas, a Catalunha continua sem governo, mantendo-se sob o controlo de Madrid, graças à aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola, que suspendeu a autonomia..O presidente do Parlamento catalão, Roger Torrent, convocou para a próxima quinta-feira o primeiro plenário. Serão debatidas quatro propostas de resolução. Três delas dizem respeito ao bloqueio da investidura e o início da contagem do prazo de dois meses para se repetirem novas eleições. A contagem decrescente está suspensa, visto que o Tribunal Constitucional decidiu que Puigdemont não pode ser presidente da Generalitat à distância e tem que pedir autorização ao juiz do Supremo Tribunal para poder estar presente na investidura. Torrent, que reitera que Puigdemont é o candidato que reúne maior consenso, suspendeu a sessão de investidura e ainda não a remarcou..A outra proposta de resolução, apresentada pelo JxCat sem o apoio da ERC (o que mostra a divisão entre os independentistas), pede a restituição do governo e das instituições catalãs. O objetivo é legitimar Puigdemont como presidente da Generalitat..Trapero em liberdade sem fiança.O antigo major dos Mossos d"Esquadra, Josep Lluís Trapero, investigado por sedição pela alegada inação da polícia catalã no referendo, foi ontem ouvido pela juíza Carmen Lamela. A magistrada de Audiencia Nacional rejeitou o pedido da procuradoria, que queria que Trapero pagasse uma fiança de 50 mil euros para continuar em liberdade. O ex-major disse que avisou o Puigdemont, em reuniões prévias ao referendo, dos perigos que este representava a nível de segurança.