A líder do Bloco de Esquerda considerou esta quarta-feira que devem ser retiradas "consequências políticas" do relatório da Comissão Técnica Independente sobre os fogos de outubro, defendendo uma "reforma florestal efetiva" e "um novo modelo de proteção civil".."Há consequências políticas que devem ser retiradas, desde logo na alteração da prevenção e da própria forma como olhamos para o território", advertiu a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, em declarações aos jornalistas em Évora..A dirigente bloquista notou que foram dados "alguns passos para a reforma florestal, mas são muito poucos", considerando que "é preciso fazer a reforma florestal efetiva" e que "esse é o primeiro passo para a prevenção".."É necessário limpar as matas também, mas isso não chega. É essencial e ninguém pode descurar essa responsabilidade, mas é preciso acabar a reforma florestal", insistiu..Por outro lado, Catarina Martins apontou a necessidade de "por no terreno um novo modelo de proteção civil, que sejam operante", referindo que "algumas modificações já estão a ser feitas, outras ainda não e é essencial que elas existam".."Que se retirem todas as consequências, porque não podemos permitir que tragédias destas possam voltar a acontecer", acrescentou..Para a líder do BE, o relatório da Comissão Técnica Independente sobre os fogos de outubro aponta "três problemas diferentes", nomeadamente "falhas na prevenção, falhas na proteção e fenómenos meteorológicos extremos".."Há uma parte do relatório que aponta para responsabilidades que seguirão o seu curso do ponto de vista judicial e assim terá de ser e aguardamos, com todo o respeito, pela separação de poderes", assinalou..A comissão técnica independente que analisou os grandes incêndios rurais de 2017 entregou hoje no parlamento o relatório dos fogos de outubro, envolvendo oito distritos das regiões Centro e Norte..O documento, que atualiza para 48 o número de mortos nesse mês, conclui que falhou a capacidade de "previsão e programação" para "minimizar a extensão" do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento..A junção de vários fatores meteorológicos, descreve, constituiu "o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por hora entre as 16:00 do dia 15 de outubro e as 05:00 do dia 16"..Contudo, acrescenta, a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas, mas não obteve "plena autorização a nível superior", e a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi "limitada" por falhas na rede de comunicações..Os peritos consideram que tem de haver das autoridades "flexibilidade para ter meios de previsão e combate em qualquer época do ano" e defendem a criação de uma unidade de missão para reorganizar os bombeiros.