"Logo após o incêndio percebemos que esta circunstância nos obrigava a ser ativos e a apontar caminhos. Foi nesse sentido que decidimos começar a trabalhar com instituições do ensino superior para definir um modelo equilibrado de reflorestação do território", disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Luís Paulo Costa..Neste concelho do distrito de Coimbra, onde está uma parte significativa da serra do Açor, a autarquia quer uma mudança na floresta, depois de o incêndio de outubro ter consumido grande parte da mancha florestal..O modelo está a ser desenvolvido em várias componentes numa parceria com a Escola Agrária de Coimbra, o Instituto Superior de Agronomia (ISA) e uma docente da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Sílvia Benedito..Segundo Luís Paulo Costa, a intervenção divide-se em três vetores: a proteção das aldeias (contributo da Agrária de Coimbra), a reflorestação do território (com ajuda do ISA) e a floresta como património paisagístico (contributo de Sílvia Benedito)..Para o autarca, é necessária uma perspetiva integrada da floresta, que não olhe apenas para a economia, mas para a paisagem e para a proteção das populações..Luís Paulo Costa dá o exemplo da aldeia de Soito da Ruiva, onde foi possível identificar "um conjunto de socalcos que estavam escondidos pela floresta", bem como "doze moinhos".."Tem de se considerar a paisagem. Não é só floresta. Há que assumir que algumas áreas na proximidade das aldeias possam ter outras coisas que não floresta. Por exemplo, introduzindo-se a pastorícia, permite-nos ter os socalcos com vegetação controlada", fundamentou, acrescentando que a paisagem fica mais aprazível..Já na área da proteção das aldeias, o município pretende que o modelo estimule a organização de cada uma das aldeias e crie perímetros de proteção..Segundo Luís Paulo Costa, há a perspetiva de ter o modelo finalizado até ao final de janeiro para poder depois ser discutido com parceiros, como juntas de freguesia ou comissões de melhoramentos das aldeias.."Há que envolver as pessoas", defendeu..O autarca sublinha ainda que olha com "alguma apreensão" para o reordenamento florestal, considerando que o mesmo tem que avançar o mais rapidamente possível.."Há propriedades florestais com dois ou três mil metros quadrados. Isso não permite fazer uma gestão planificada e profissional da floresta", notou..Relativamente à reconstrução das casas de primeira habitação, há 118 destruídas, sendo que 18 processos já foram submetidos à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), seis dos quais já validados..Além disso, já está a ser executada a obra "em nove habitações", acrescentou..Grande parte da Mata Nacional da Margaraça deverá recuperar do fogo de outubro de 2017, já que houve uma regeneração "na ordem dos 80% da área ardida", explicou.."Na mata, foi um fogo rasteiro que ardeu de forma lenta, enquanto na floresta de pinheiro e eucalipto foi um fogo com altura superior a dez metros e uma violência muito maior", frisou..Os fogos de outubro em vários concelhos do país, que surgiram em zonas florestais e atingiram sobretudo a região Centro, fizeram 45 mortos e dois desaparecidos, além de cerca de 70 feridos.