Imagens de satélite mostram Mariupol antes e depois dos ataques
Mariupol é uma cidade muito diferente em relação ao era antes da invasão russa. Sitiada pelas tropas de Moscovo há dias, a cidade portuária, no sudeste da Ucrânia, tem sido massacrada pelos bombardeamentos e a destruição está à vista, conforme mostram as imagens de satélite da Maxar Technologies.
Foram registadas fotos da cidade esta quarta-feira pela Maxar Technologies, que também divulgou imagens das mesmas zonas tiradas em junho de 2021, antes da ofensiva militar da Rússia. Segundo a empresa, as imagens mostram casas, lojas, edifícios e centros comerciais. É um antes e depois que ilustra a destruição de infraestruturas civis de Mariupol.
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Nas imagens atuais é possível ver uma visão geral do hospital pediátrico, que esta quarta-feira foi atingido por um ataque aéreo russo, denunciado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A imagem foi tirada antes do bombardeamento, disse um porta-voz da Maxar Tecnologies à Yahoo!.
"Ataque direto das tropas russas a maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. A atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já", escreveu Zelensky no Twitter.
Pavlo Kirilenko, governador da região de Donetsk, indicou que, pelo menos, 17 adultos ficaram feridos no bombardeamento ao hospital pediátrico em Mariupol, não havendo até agora registo de crianças entre as vítimas.
"Há 17 feridos confirmados entre os funcionários do hospital", revelou Pavlo Kirilenko, citado pela AFP.
De acordo com um primeiro relatório sobre este ataque aéreo russo à cidade portuária, não há crianças entre os feridos e "nenhuma morte".
Cerca de 1300 habitantes desta cidade ucraniana já morreram em bombardeamentos e ataques das forças russas desde o início da invasão, revelou também hoje o vice-presidente da Câmara, Piotr Andriushchenko.
"Durante o período de bloqueio e genocídio da Federação Russa, já morreram 1.300 habitantes da cidade. Lutaremos por cada um deles", assegurou o autarca na sua página no Facebook, divulgando dados preliminares.
Piotr Andriushchenko alertou que as forças russas "começaram a usar ativamente o bombardeamento aéreo" e que "deixaram de esconder o seu objetivo de destruir totalmente a cidade.
Cerca de 300.000 civis estão 'presos' há vários dias devido aos combates no porto estratégico de Mariupol, no mar de Azov, ficando privados de água, alimentos, eletricidade e ajuda humanitária.
O ataque aéreo ao hospital pediátrico levou também a uma reação rápida por parte da comunidade internacional, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson a denunciar um ataque "imoral" e a falar em "crimes terríveis" de Putin, e a ONU a lembrar que nenhuma unidade de saúde "deve ser um alvo".
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, acrescentou que quer esta organização, quer a OMS, pediram e continuam a pedir "o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias".
Também a Casa Branca reagiu contra o uso "bárbaro" de força contra "civis inocentes num país soberano", referiu a porta-voz da administração do presidente norte-americano, Jen Psaki.
Na Ucrânia, Liudmyla Denisova, responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano, denunciou através do Telegram "um exemplo de crime contra a humanidade e genocídio contra o povo ucraniano".
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, lamentou a "barbárie" do Exército russo, e voltou a implorar ao Ocidente a entrega "agora" de aviões, pedido que tem sido repetido nos últimos dias por Kiev para enfrentar a crise.
A Câmara Municipal de Mariupol, cidade sitiada pelas tropas russas há vários dias, também comunicou através das redes sociais que os danos foram "colossais".
Pelo menos 19 ataques foram realizados contra unidades de saúde, pessoal médico e ambulâncias, causando a morte a pelo menos dez pessoas, desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)
Com Lusa