A inspetora-geral da Administração Interna disse hoje no parlamento não ter informação para afirmar que a extrema-direita e radicalização estão infiltradas na polícia portuguesa, mas garantiu ser uma realidade a que está atenta.."Não temos neste momento elementos que nos permitam afirmar que há introdução desses elementos nas forças e serviços de segurança, quer com vista à radicalização, quer elementos de extrema-direita. Não temos de facto elementos que nos permitam de uma forma segura chegar a essa conclusão" disse Anabela Cabral Ferreira aos deputados na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias..No entanto, sustentou que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) está atenta a esta realidade, designadamente através da monitorização das redes sociais onde normalmente são expressos esses discursos de ódio e de incitamento à violência..A juíza desembargadora manifestou-se também preocupada com os movimentos inorgânicos no seio das forças de segurança, como o Movimento Zero.."É uma questão difícil a infiltração nas forças e serviços de segurança de radicalização. Naturalmente que nos preocupa os movimentos inorgânicos, porque esses movimentos são sem rosto e não fornecem interlocutores com quem podemos dialogar. Nessa medida a preocupação é grande", precisou..A pedido da deputada não inscrita Joacine Katar Moreira, a inspetora-geral esteve na comissão parlamentar para explicar as atuações discriminatórias por parte das forças e serviços de segurança no exercício das suas funções..Anabela Cabral Ferreira garantiu que "não há um problema generalizado de práticas discriminatórias" pelas polícias, mas ressalvou que isso "não significa que o problema não exista".."Efetivamente que existe [práticas discriminatórias]. Por todos os meios que temos ao nosso alcance, quer sejam legislativos, quer sejam ao nível da formação, isso tem de ser completamente eliminado da prática das forças e serviços de segurança", frisou..A inspetora-geral sustentou que a função da manutenção da segurança é "absolutamente vital e fundamental para o funcionamento do estado de direito", sendo por isso natural que tenha de se "pautar sempre por critérios de que práticas discriminatórias não existam"..Anabela Cabral Ferreira sublinhou ainda que factos denunciados e que chegam ao conhecimento da IGAI "são sempre investigados", mas esta entidade tem "sempre o princípio de presunção de inocência, que é um princípio bacilar do estado de direito"..A inspetora-geral considerou que este princípio se aplica "quer a processos de natureza criminal, quer a processos de natureza disciplinar".