Ianukovich anuncia que não tenciona demitir-se

Numa intervenção televisiva, o Presidente Viktor Ianukovich anunciou não ter qualquer intenção de se demitir e denunciou estar em curso um "golpe de Estado" na Ucrânia.Qualquer decisão tomada pelo Parlamento "é ilegítima", afirmou.Forças Armadas afirmam não ter intenção "de se envolver no conflito".
Publicado a
Atualizado a

A intervenção televisiva de Viktor Ianukovich fora anunciada horas antes por uma sua conselheira, que dissera este ter abandonado Kiev, dirigindo-se para a região oriental da Ucrânia, onde se encontra a sua principal base de apoio.

Ianukovich afirmou que o "país está a assistir a um golpe de Estado" e "não tenho intenção de me demitir. Sou um Presidente eleito de forma legítima, e também não tenho qualquer intenção de deixar o país", disse. Para ele, qualquer decisão tomada pelo Parlamento "é ilegítima".

Durante a manhã em Kiev tinham surgido rumores de que Ianukovich poderia apresentar hoje a sua demissão. Apesar da sua tomada de posição, em que equiparou os acontecimentos a "atos de vandalismo", Ianukovich viu nas últimas 24 horas muitos dos elementos do seu partido abandonarem-no e as próprias Forças Armadas distanciaram-se do Presidente.

As Forças Armadas divulgaram um comunicado em que garantem não ter qualquer intenção "de se envolver no conflito" entre o Presidente e a oposição. O comunicado, divulgado a partir do Ministério da Defesa, termina com a frase "glória à Ucrânia!", uma das palavras de ordem dos manifestantes.

O Presidente, que falava a partir de uma televisão regional em Kharkiv, na região oriental do país, assegurou que não vai "assinar nada com os bandidos que aterrorizam o país". Afirmando que o seu automóvel foi alvejado, Ianukovich garantiu "não ter medo".

Quase em paralelo, Moscovo divulgou uma nota em que se lia estar em curso um processo que compromete "a soberania da Ucrânia", responsabilizando a oposição pelo curso dos acontecimentos. Para Moscovo, a oposição não só "não cumpriu nenhuma das suas obrigações, como continua a fazer novas exigências".

Ianukovich denunciou na sua intervenção estar em curso uma campanha violenta que visa os elementos do seu partido e deu como exemplo o caso do ex-presidente do Parlamento, que teria sido agredido por elementos da oposição, antes ainda de apresentar a demissão.

A intervenção de Ianukovich foi feita a partir de Kharkiv, cidade onde decorre uma reunião dos responsáveis políticos regionais da parte oriental do país, consideradas pró-russas. No início desta reunião, a que não compareceu o Presidente, os seus participantes divulgaram uma declaração em que afirmam estar o Parlamento de Kiev a trabalhar "sob a ameaça das armas", sendo por isso duvidosa a "legitimidade e a legalidade" das decisões tomadas.

Ainda decorria a intervenção do Presidente quando as agências russas anunciaram que o responsável da cadeia onde Iulia Timochenko se encontrava a cumprir pena de prisão, antes de ser transferida para a clínica onde segue tratamento, chegara ao edifício, protegido por importantes medidas de segurança. A ideia é a de que aquele irá concretizar a libertação da principal dirigente da oposição.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt