Hospital de São João implanta dispositivo que individualiza tratamento do Parkinson

O Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ), no Porto, implantou esta terça-feira um dispositivo médico num paciente com doença de Parkinson que, ao registar as ondas cerebrais associadas aos sintomas da doença, permite "individualizar o tratamento".
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"Com este novo sistema, conseguimos ter um registo das ondas cerebrais relacionadas com os sintomas da doença - as ondas beta - e, portanto, sabemos quando é que o doente tem mais ou menos ondas, adaptando o tratamento a essas alturas. De algum modo, individualizamos o tratamento", afirmou esta terça-feira Rui Vaz, neurocirurgião do CHUSJ responsável pelo procedimento.

Em declarações à agência Lusa, o médico explicou que o novo dispositivo associa a "direcionalidade" já existente à "capacidade de receber informação sobre as ondas cerebrais" relacionadas com os sintomas da doença, permitindo dar resposta às necessidades dos doentes e dos clínicos. "O problema é conseguirmos tratamento que se adapte à variabilidade ao longo do dia, ou seja, aquilo que se chama passar do tratamento da doença para o tratamento do doente", disse.

O novo dispositivo, que funciona como "um diário eletrónico", é mais um "passo" na melhoria do tratamento dos doentes com Parkinson. "O dispositivo vai com o doente para casa e quando o doente vem à consulta revemos o registo todo, e aí podemos melhorar a estimulação que estamos a dar", referiu Rui Vaz.

Depois da doença de Alzheimer, o Parkinson é doença neurodegenerativa mais comum, afetando cerca de 20 mil portugueses. A doença resulta da redução dos níveis de dopamina, uma substância que funciona como um mensageiro químico cerebral nos centros que comandam os movimentos, sendo quatro os sintomas que se destacam: lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremor e alterações da postura.

A cirurgia de implantação do dispositivo, que decorreu esta manhã no Hospital de São João, é semelhante à da estimulação cerebral profunda, não acarretando "nenhum risco acrescido para o doente", assegurou o neurocirurgião. "Isto é uma melhoria no tratamento, uma vez que o sistema é um 'upgrade' em relação ao tratamento", referiu, acrescentando que todos os doentes com Parkinson são elegíveis a receber o dispositivo. "Não há nenhuma limitação", referiu Rui Vaz.

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