Hospital abre inquérito após acusação de irregularidades na greve na saúde

Sindicato diz que trabalhadores foram pressionados pelas chefias
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O Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho (CHVNGE) instaurou um processo de inquérito na sequência de "situações irregulares" que lhe foram comunicadas, no âmbito da greve de profissionais de saúde, avançou a unidade hospitalar à agência Lusa.

A informação surge após acusações feitas hoje pelo coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas, Orlando Gonçalves, sobre a postura do Conselho de Administração do hospital em relação à greve iniciada hoje às 0:00.

"Esclarecemos que foram reportadas ao Conselho de Administração do CHVNGE várias situações irregulares, para as quais foram instaurados processos de inquérito, que se encontram a decorrer neste momento", lê-se na nota de resposta enviada à Lusa.

Em declarações à Lusa, Orlando Gonçalves apontou uma "situação anómala" no hospital Santos Silva, e disse que "o Conselho de Administração e as chefias intermédias andaram a pressionar os trabalhadores, principalmente ao longo de quinta-feira, mas também desde a última greve, no dia 27 de outubro".

"Vários trabalhadores foram chamados à área jurídica do hospital, sendo-lhes perguntado se sabiam que tinham de assegurar os serviços mínimos, exercendo uma forma de pressão, depois de as coisas não terem corrido da melhor forma no dia 27 e querendo responsabilizar os trabalhadores, sendo que a responsabilidade não é deles, pois só estando designados para esses serviços a podem assumir", denunciou.

Orlando Gonçalves acusou o mesmo Conselho de Administração de ter designado na quinta-feira "trabalhadores muito para além daquilo que é minimamente aceitável e até razoável para os serviços mínimos da saúde".

A greve foi convocada pelas estruturas da UGT (FESAP) e da CGTP-IN (Frente Comum) para o setor da saúde.

Entre as motivações da greve está a falta de acordo coletivo de trabalho para 40 mil profissionais de saúde com contratos individuais de trabalho, mas que não beneficiam do descongelamento das carreiras, nem têm horário semanal de 35 horas, sobretudo dos hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais).

"O texto do acordo coletivo de trabalho está praticamente negociado, só falta vontade política", afirmou José Abraão, que disse já ter pedido a semana passada uma reunião ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, para discutir o tema.

O dirigente sindical considerou que é importante que o Governo "não reduza" os problemas laborais na saúde [apenas] "aos médicos e enfermeiros, que têm feito excelente trabalho", mas que aprove melhorias para todos os profissionais, uma vez que todos são necessários ao funcionamento dos serviços.

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