Hong Kong: Polícia dispara balas de borracha contra manifestantes
Hong Kong foi mais uma vez palco de protestos e de violência neste domingo. A polícia disparou balas de borracha contra os manifestantes pró-democracia, perto de um centro comercial, onde causaram distúrbios.
Pelo décimo sexto fim de semana de mobilização, milhares de manifestantes reuniram-se hoje pacificamente num centro comercial localizado em Shatin, no norte da antiga colónia britânica, onde entoaram cânticos e fizeram origami.
"Apesar de estarmos muito cansados, não podemos abrir mão dos nossos direitos", explicou Ching, professora, à Agência France-Presse.
"Se o movimento durar 100 dias, 200 dias ou mesmo 1000 dias e não conseguirmos o que queremos, continuaremos a sair às ruas", frisou.
A situação começou a agravar-se ao final da tarde em Hong Kong, quando militantes com máscaras pertencentes a grupos radicais ergueram uma bandeira chinesa arrancada de um edifício governamental, antes de a atirarem num rio.
Os ativistas vandalizaram depois máquinas de bilhetes na estação de metro de Shatin, tendo a polícia de choque encerrado o acesso.
As autoridades já encerraram as duas estações intermédias do comboio que liga o centro da cidade ao aeroporto internacional, para evitar uma possível interrupção do acesso às instalações aeroportuárias.
De acordo com a emissora pública RTHK, há uma forte presença policial em várias estações.
No sábado, no 16º fim de semana de protestos na antiga colónia britânica, o dia começou com uma manifestação pacífica em Tuen Mun, no nordeste de Hong Kong, antes de escalar para um cenário mais violento.
"Luta pela tua liberdade" ou "libertem Hong Kong" foram algumas das palavras de ordem que se ouviram durante os protestos, de acordo com a Reuters. Os manifestantes ocuparam a zona de desembarque do aeroporto, bloquearam estradas e também estiveram na estação de metro.
Durante a noite de confrontos, apenas as pessoas com bilhetes tinham permissão para entrar no aeroporto. Também os serviços de autocarros foram afetados.
"Eles estão apenas a expressar as suas reivindicações que eu considero legitimas", disse à Reuters um cidadão de Hong Kong, identificado apenas como Chow.
Os confrontos envolveram também manifestantes pró-China, que tentaram eliminar mensagens contra o governo inscritas em paredes.
A polícia condenou a violência e afirmou que há feridos graves em confrontos entre pessoas como "visões diferentes".
Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com ações e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas e denunciando a resposta policial, considerada brutal pelos manifestantes.