Hong Kong. Feridos graves entre centenas de manifestantes barricados
Depois da batalha campal de domingo, que durou mais de 17 horas, a ala radical dos manifestantes mantém o braço-de-ferro com a polícia de Hong Kong, com umas cinco centenas a permanecerem barricadas na Universidade Politécnica.
Noutra frente, o Supremo Tribunal de Hong Kong declarou inconstitucional a proibição do uso de máscaras em protestos.
Em declarações à emissora RTHK, o presidente interino do sindicato dos estudantes, Ken Woo, assinalou que ainda há água disponível, mas que outros mantimentos estão a esgotar-se rapidamente. Ken Woo disse que muitos dos manifestantes estão a sofrer de hipotermia devido aos canhões de água usados pela polícia na véspera.
Entretanto, numa mensagem publicada pouco antes do meio dia (04:00 em Lisboa), a polícia apelou para todos os que estão dentro da universidade para "largarem as armas e itens perigosos, removerem as máscaras e saírem de forma ordenada".
Os manifestantes, que estão barricados há vários dias naquela universidade, temem ser detidos à saída, mas a polícia tem reforçado o cerco em torno da instituição, dificultando a saída de jornalistas e de pessoal médico.
Cerca das 08:00 (00:00 em Lisboa), a polícia disparou gás lacrimogéneo contra manifestantes que tentavam escapar, apesar do acordo de cessar-fogo alcançado pelo diretor da universidade e as autoridades.
De acordo com a Autoridade Hospitalar, pelo menos 38 pessoas ficaram feridas durante a noite de domingo.
Também no domingo, um polícia foi atingido numa perna por uma flecha lançada por manifestantes antigovernamentais, informaram as forças de segurança, reforçando a operação no local com um canhão de água.
O Supremo Tribunal de Hong Kong declarou hoje inconstitucional a proibição do uso de máscaras em protestos. O tribunal afirmou que a proibição das máscaras, que entrou em vigor em 5 de outubro passado, é inconstitucional por impor mais restrições do que as necessárias aos direitos fundamentais da população,
Esta decisão surgiu na sequência de uma revisão judicial por 24 deputados pró-democracia da decisão do executivo de Carrie Lam de aplicar uma lei de emergência que remonta à época colonial britânica, acrescentou.
Quando anunciou a imposição da 'lei antimáscara', no mês passado, Carrie Lam afirmou que o Governo pretende "acabar com a violência e restaurar a ordem", devido à "situação de grande perigo público" que se vive no território desde o início de junho.
A contestação social foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora a instauração do sufrágio universal no território, a demissão da atual chefe do governo, Carrie Lam, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.