Honda HR-V aposta tudo na poupança híbrida
Até ao final deste ano toda a gama da Honda será inteiramente eletrificada, ou por intermédio de sistemas híbridos, como o deste HR-V, ou por via de motores 100% elétricos, sendo o Civic o "senhor" que se segue, no último trimestre. Porém, neste momento, o foco recai sobre o segmento dos SUV compactos, tendo a marca japonesa renovado por completo o HR-V, tanto na tecnologia embarcada, como no conceito visual, agora mais ao estilo de coupé, com linhas dinâmicas e um pilar C atrás bastante inclinado.
O habitáculo tem abordagem correta, com mescla convincente de tecnologia e ergonomia. O painel de instrumentos, por exemplo, combina um ecrã digital com o velocímetro analógico, enquanto ao centro do tablier está um ecrã tátil de 9.0" para sistema multimédia mais atual e de interação facilitada pelos botões de atalho ao lado. O sistema permite integração com Android Auto e Apple CarPlay.
O desenho do tablier é bem conseguido, com os comandos da climatização independentes do ecrã tátil e saídas de ventilação ajustáveis através de uma roda junto das mesmas. Visualmente, dá um toque mais refinado. Menos agradável é a escolha por muitos plásticos duros no tablier e portas.
Com 4,34 m de comprimento, o HR-V tem na habitabilidade um dos seus pontos fortes, mesmo nos bancos de trás, mostrando virtudes tanto em altura interior, como no comprimento disponível para as pernas. Já a bagageira, com 320 litros, é limitada na sua capacidade, o que se explica pelo posicionamento da bateria sob o seu piso. A solução de levantamento dos assentos dos bancos traseiros para criar um piso plano capaz de transportar objetos mais altos (os bancos mágicos) volta a estar presente.
Em constante evolução, o sistema híbrido do HR-V deriva daquele que se pode encontrar no Jazz, mas com melhorias, como é o caso da bateria, mais eficiente. No entanto, o conceito é idêntico: um motor elétrico de 131 CV assume-se como o principal meio de locomoção, contando com o motor 1.5 a gasolina de 107 CV como assistente numa grande quantidade de situações.
Além desses dois motores, o conjunto e:HEV compreende ainda um outro motor/gerador elétrico para conversão da energia do motor 1.5 e a bateria de iões de lítio compacta de cerca de 1 kWh que está situada sob o piso da bagageira (daí a capacidade mais limitada para bagagens). A potência total é de 131 CV, para um binário máximo de 253 Nm.
Quer isto dizer que a condução elétrica é, de forma habitual, o meio primordial de utilização por parte da gestão do módulo híbrido. O condutor não tem qualquer participação no sistema, mas pode sempre jogar com três modos de condução, entre o "Eco", "Normal" e "Sport", sendo que apenas este último recorre com maior frequência ao motor de combustão. Independentemente disso, o sistema de gestão escolhe sempre qual a forma mais eficiente de condução: o modo elétrico é o que atua na maior parte das vezes quando a bateria tem carga suficiente e as exigências de condução são reduzidas, conseguindo percorrer alguns quilómetros sem recurso ao motor térmico, quando o relevo da estrada é favorável ou em pequenas subidas muito ligeiras.
O modo híbrido é o segundo mais utilizado, com o motor térmico a ligar-se para carregar a bateria de iões de lítio e assim fornecer a carga necessária para alimentar o motor elétrico. Por fim, em autoestrada, utilizando uma engrenagem fixa para ligar o motor diretamente às rodas dianteiras, é o motor 1.5 que movimenta o carro de uma forma que a Honda considera mais eficiente. A utilização geral do sistema é bastante boa: demonstra competência na leitura das situações de condução e o bom isolamento acústico torna o HR-V fácil de utilizar sem ruído proveniente do exterior ou do motor (quando não lhe é exigido esforço). As prestações são interessantes, acelerando dos zero aos 100 km/h em 10,6 segundos, com pouco esforço para ganhar velocidade, sobretudo em ambiente urbano, no qual a primazia ao modo elétrico torna as operações silenciosas e refinadas. Em utilização elétrica, permite também variar o nível de regeneração de energia cinética, havendo quatro níveis de intensidade na desaceleração, mas em nenhum caso com a capacidade de parar o HR-V.
Quando se necessita de maior rapidez ou em autoestrada, o ruído do motor 1.5 a gasolina torna-se mais presente, sobretudo nas subidas mais exigentes, com a Honda a procurar uma solução engenhosa para quebrar esse ruído contínuo através de mudanças de velocidade programadas no motor a gasolina, fazendo cair ligeiramente as rotações.
O resultado prático é bastante positivo, com consumos médios na casa dos quatro litros sem grande esforço, conseguindo mesmo no ensaio um valor bem abaixo do homologado - 4,6 l/100 km contra 5,4 l/100 km.
Por outro lado, a condução é ágil e tranquila, apelando mais a toadas calmas do que a desportivas, sendo, no entanto, um bom compromisso entre conforto e dinâmica com comportamento previsível e seguro. Tudo isto é "oferecido" a troco de um preço mais elevado do que o de muitas propostas no segmento. O HR-V é proposto no nível de entrada Elegance por 35.250€ (chave na mão), o que lhe retira algum do encanto, mas compensa pelo nível elevado de equipamento.
pjunceiro@globalmediagroup.pt