Caminham sozinhos pelas avenidas, andam às voltas de automóvel como se vogassem em barcas perdidas, alguns vão à pesca, outros bebem whiskies sem fundo encostados ao balcão. São homens que erraram, que erram e vão continuar a errar. Têm os olhos voltados para dentro ou para muito longe daqui, falam sozinhos, cantam em surdina, murmuram, enlouquecem..À noite saem de casa porque é mais fácil esquecer, às vezes lembrar. São homens feitos de sombra e dor e lágrimas, mas não choram porque já não sabem chorar. Homens como já fomos ou havemos de ser um dia. Esses todos sou eu também, eu sei e sei que eles sabem. De vez em quando cruzamos olhares numa dessas estações de serviço e puxamos dos lábios um sorriso conivente e triste. Boa noite, boa viagem..Escritor