Homem detido após apontar arma de fogo à vice-presidente da Argentina

"Atentaram contra a nossa vice-presidente e a paz social foi alterada", afirmou o chefe de Estado argentino que declarou feriado nacional para que o povo possa "expressar-se em defesa da vida, da democracia" e em solidariedade com Cristina Kirchner.​​​​
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Um homem foi detido esta quinta-feira na capital argentina, Buenos Aires, após ter apontado o que parece ser uma arma de fogo à vice-presidente Cristina Kirchner, disse o ministro da Segurança, Anibal Fernández.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que a vice-Presidente foi alvo de uma tentativa de assassínio, que só falhou porque a arma de fogo não disparou.

O homem, cuja identidade não foi divulgada oficialmente pelas autoridades, foi detido segundos após o incidente.

A agência noticiosa estatal Télam identificou-o como sendo um cidadão brasileiro.

Vídeos divulgados por vários canais de televisão mostram o momento em que uma pessoa apontou a alegada arma de fogo em frente ao rosto da ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015), quando esta saiu de uma viatura, perto de casa.

"Neste momento, a situação deve ser analisada pela polícia científica para verificar as impressões digitais, a capacidade e a disposição que essa pessoa tinha", indicou aos jornalistas o ministro.

Apesar das questões em aberto, membros do Governo foram rápidos a descrever o incidente como uma tentativa de assassínio.

"Quando o ódio e a violência se impõem sobre o debate de ideias, as sociedades são destruídas e geram situações como a que hoje se vê: uma tentativa de assassínio", disse o ministro da Economia, Sergio Massa.

Os ministros do Governo do presidente Alberto Fernández divulgaram um comunicado conjunto no qual "condenam energicamente a tentativa de homicídio" da vice-presidente.

"O que aconteceu esta noite é de extrema gravidade e ameaça a democracia, as instituições e o Estado de direito", pode ler-se na nota.

Num vídeo divulgado nas redes sociais, durante a madrugada de sexta-feira, o presidente argentino disse tratar-se da situação "mais grave" desde o regresso da Argentina à democracia, em 1983.

Alberto Fernández afirmou que a vice-presidente "está viva" porque, "por alguma razão técnica desconhecida", a arma de fogo, que tinha cinco balas, não disparou.

"Atentaram contra a nossa vice-presidente e a paz social foi alterada", afirmou o presidente, que decidiu declarar feriado nacional para que o povo possa "expressar-se em defesa da vida, da democracia" e em solidariedade com Cristina Kirchner,​​​

"Decidi declarar feriado nacional para que, em paz e harmonia, o povo argentino possa expressar-se em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-presidente", anunciou o chefe de Estado argentino.

O ex-presidente Mauricio Macri também repudiou o ataque. "Este acontecimento muito grave exige um esclarecimento imediato e profundo por parte dos órgãos judiciários e de segurança", escreveu Macri na rede social Twitter.

A Associação Argentina de Futebol anunciou esta sexta-feira a suspensão de todos os jogos agendados para o dia e expressou "enérgico repúdio pelo que aconteceu com a vice-presidente, Cristina Fernández de Kirchner".

"Fazemos um apelo à sociedade como um todo, advertindo que a violência de qualquer tipo nunca é o caminho", pode ler-se na publicação da associação na rede social Twitter.

Os apoiantes da vice-presidente têm-se reunido nas ruas em torno da sua casa desde a semana passada, após um procurador pedir uma pena de 12 anos para Kirchner num caso de alegada corrupção relacionado com obras públicas.

As tensões têm vindo a aumentar no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, desde o fim de semana, quando apoiantes da vice-presidente entraram em confrontos com a polícia nas ruas que circundam o seu apartamento, após as forças de segurança terem tentado desmobilizar os manifestantes.

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