O ativista holandês Francis Janssen está a realizar uma caminhada de quase 130 quilómetros entre a capital timorense, Díli, e a cidade de Balibó, para recordar o 40.º aniversário da morte, nesta localidade, de cinco jornalistas australianos.."A ideia nasceu há um ano. Queria chamar a atenção para a questão da impunidade nesta caso, recordando a morte dos jornalistas, o ataque que isso representou contra a liberdade de expressão e, ao mesmo tempo, celebrar a conquista de independência de Timor-Leste", disse à Lusa.."Mas ao mesmo tempo aproveitar para chamar a atenção para a situação de falta de liberdade na Papua Ocidental e nas Molucas que continuam ocupadas pela Indonésia. Se eu fizesse esta caminhada lá era preso porque não há liberdade nessas zonas", afirmou..Janssen, 47 anos, partiu de Díli no domingo e está hoje a aproximar-se da localidade de Maubara, onde deverá pernoitar, esperando chegar a Balibó no dia 16 de outubro, data que em que os jornalistas foram mortos..Gary Cunningham, Malcolm Rennie, Tony Stewart, Brian Peters e Greg Shackleton estavam em Timor-Leste numa altura conturbada, com sucessivas ações levadas a cabo pelos principais partidos, Fretilin e UDT, e um ambiente de guerra civil, escolhido pela Indonésia para a invasão..Os cinco jornalistas foram mortos durante uma operação indonésia naquela vila fronteiriça, numa antecipação da invasão total de Timor-Leste que se deu a 07 de dezembro seguinte..Os jornalistas foram surpreendidos por um corpo de forças especiais indonésias que atravessou a fronteira com Timor-Ocidental, juntou-os numa casa, matou-os a tiro e queimou os corpos..O local ficou conhecido porque nas últimas imagens antes do assassinato, Greg Shackelton é visto a pintar na parede exterior a bandeira australiana e a palavra "Austrália", hoje novamente recordada naquela casa..A morte dos jornalistas serviu e, continua a servir, como argumento para ataque da política australiana durante a ocupação indonésia de Timor-Leste..Em setembro de 2000, pressões sobre o assunto levaram Camberra a admitir que o governo australiano sabia que a Indonésia ia invadir Timor-Leste em 1975..Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Downer, negou no entanto que houvesse conhecimento do ataque à aldeia fronteiriça de Balibó em outubro de 1975, em que foram mortos os jornalistas.."Obviamente gostava que fosse feita justiça mas as pessoas no topo não pensam da mesma forma que o resto", disse Janssen..O ativista explicou à Lusa que apesar de saber que Timor-Leste estava ocupado pela Indonésia, o seu interesse aumentou depois do massacre de Santa Cruz, que ocorreu a 12 de novembro de 1991..A sua caminhada recorda não só os cinco de Balibó mas também outros jornalistas mortos em Timor-Leste, nomeadamente Roger East, que foi morto, em Díli, a 07 de dezembro de 1975, e Sander Thoenes, que morreu em setembro de 1999.