A onda de calor não tem dado tréguas na Europa, fazendo que esta sexta-feira seja o dia mais quente do ano..Assim, no Reino Unido os termómetros deverão chegar aos 37º Celsius, o que fará deste dia o mais quente de julho de que há memória no país. Por outro lado, estão previstos 39 graus na Alemanha..Entretanto, foi emitido um alerta laranja para 18 departamentos no norte e no centro de França, onde são esperadas temperaturas superiores a 38º. Teme-se a ocorrência de episódios semelhantes ao de 2003, ano em que os termómetros chegaram aos 45º e só no país 15 mil pessoas perderam a vida..Com o calor tem-se feito sentir períodos de seca. A falta de água originou consequências ao nível económico para os agricultores. Na Alemanha, os prejuízos deverão rondar os 1400 milhões de euros..Porém, outros fenómenos também poderão agravar a situação. Está prevista uma massa de ar húmido que poderá aumentar a ocorrência de trovoadas e originar novos incêndios, piorando a situação que se está a viver atualmente..Cientistas procuram determinar a influência humana na onda de calor.O fenómeno tem originado questões acerca da influência do aquecimento global em situações extremas, e por isso um grupo de investigadores considerou esta onda de calor como os três dias seguidos mais quentes num ano e recolheram dados de sete estações meteorológicas de países como a Finlândia, a Dinamarca, a Irlanda, a Holanda, a Noruega e a Suécia, uma vez que dispõem de registos digitais referentes ao início do século XX. Para avaliar a escala da mudança climática influenciada pelo homem recorreu-se a modelos computadorizados..Um relatório preliminar indica que nesta onda de calor os sinais de mudanças climáticas são inequívocos. Com os resultados obtidos chegou-se à conclusão de que a partir das estações meteorológicas na Irlanda, na Holanda e na Dinamarca as mudanças climáticas têm aumentado as probabilidades de a onda de calor atual continuar por mais de duas vezes. O mesmo deverá acontecer no sul da Escandinávia e na Holanda, sendo neste último caso durante os próximos cinco anos..À medida que a onda de calor vai atingindo recordes surpreendentes no Ártico, os investigadores vão procurando resolver o impacto da influência humana, porém, sem sucesso, uma vez que as temperaturas de verão tendem a variar todos os anos, fazendo que se torne impossível fazer estimativas a partir de observações.."A lógica que as alterações climáticas vão fazer é inevitável - o mundo está a ficar quente, e por isso ondas de calor como estas estão a ficar mais frequentes. O que outrora era considerado como um clima quente pouco habitual está a tornar-se comum - em alguns casos, isso já acontece", disse o diretor adjunto do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford..Os cientistas esperam confirmar o impacto das alterações climáticas na manutenção de um sistema prolongado de alta pressão sobre a Europa, quando da publicação mais detalhada sobre os fenómenos deste verão num jornal científico, apesar de as suas descobertas poderem desencadear novas ações dos governos.."Não vamos tomar as medidas corretas. Estamos a descobrir alterações climáticas em vez de fazer alguma coisa para evitá-las", disse Robert Vautard, do CNRS - Centre National de la Recherche Scientifique, em França.