Historiador russo que desmembrou a amante condenado a 12 anos e 6 meses de prisão
O julgamento, que alimentou os protestos de ativistas que denunciam a crescente violência doméstica na Rússia, começou em junho após vários adiamentos devido à pandemia de covid-19.
Esta sexta-feira, Oleg Sokolov, de 64 anos, um professor de História que em 2003 foi agraciado com a Legião de Honra francesa, chegou ao tribunal envergando um fato cinzento e uma camisa branca, relatou um jornalista da AFP.
Sokolov andou de um lado para o outro dentro de uma jaula de vidro enquanto a juíza Yulia Maximenko lia a sentença que o condenava a 12 anos e seis meses de prisão num regime estrito de colónia penal pelos crimes de homicídio e a posse ilegal de arma de fogo".
"Ele tinha noção dos seus atos no momento do crime", garantiu Maximenko ao ler o veredicto, acrescentando que a intenção de matar surgiu "subitamente".
Sokolov foi detido em novembro de 2019 depois de ter sido retirado das águas geladas do rio Moika, em São Petersburgo, bêbado e com os braços de uma mulher dentro da mochila.
O historiador considerou-se culpado do homicídio de Anastasia Yeshchenko, de 24 anos, mas garantiu ter cometido o crime no calor do momento durante uma discussão com a sua antiga aluna e amante.
O advogado de Sokolov, Sergei Lukyanov disse que a defesa "não concorda" com a sentença mas vai decidir se apresenta recurso apenas depois de receber uma cópia do veredicto.
Na semana passada, o tribunal ouviu os argumentos finais neste caso e o Ministério público pediu uma pena de 15 anos.
Os pais de Anastasia Yeshchenko estavam presentes no tribunal durante a leitura da sentença. A sua advogada, Alexandra Baksheyeva disse aos jornalistas que apesar de "nada poder trazer a sua filha de volta", a família não pretende recorrer da sentença.
Sokolov dava aulas de História na Universidade Estatal de São Petersburgo, alma mater de Vladimir Putin, e era próximo das autoridades.
Autor de vários livros sobre Napoleão Bonaparte, Sokolov era muitas vezes chamado para dirigir reconstituições históricas da campanha russa do imperador francês.
Este crime macabro escandalizou a Rússia depois de vários estudantes terem denunciado o seu comportamento impróprio no passado e exigido que fosse investigado.
Todos os anos mais de 16 milhões de mulheres na Rússia são vitimas de violência doméstica, segundo as ONG. No entanto, os esforços para aprovar uma lei que proteja mais as vítimas têm saído frustrados.