Herói do 11 de Setembro morre duas semanas depois de lançar apelo no Congresso
Luis G. Alvarez, ex-agente da polícia de Nova Iorque, esteve entre os primeiros membros das equipas de socorro que responderam aos ataques terroristas contra as Torres Gémeas no dia 11 de setembro de 2001.
Durante os três meses seguintes, andou nos escombros do World Trade Center, nos telhados dos prédios vizinhos, à procura de sobreviventes e a tentar localizar os restos dos corpos dos seus colegas.
Em resultado disso, em 2016, foi-lhe diagnosticado um cancro e começou a fazer quimioterapia. Neste sábado, Alvarez morreu, no hospital onde estava internado em Rockville Centre, Nova Iorque, noticiou o The New York Times.
Segundo o The Guardian, mais de 20 mil pessoas morreram com cancro ou problemas respiratórios devido às toxinas libertadas após os atentados reivindicados pela Al-Qaeda. Ao todo, quase três mil pessoas morreram nos EUA nos ataques de 2001, por ação dos terroristas.
A 11 de junho deste ano, Alvarez esteve no Congresso dos EUA, visivelmente debilitado, com outros colegas e com o apresentador de televisão Jon Stewart, a pedir a extensão do fundo de apoio para os socorristas do 11 de Setembro.
"Eu não sou ninguém especial, fiz o mesmo que os outros fizeram. Agora estamos a pagar o preço. Eu adoeci 16 anos depois do sucedido. Há trabalhadores que dizem 'Isso não me vai acontecer. Eu estou bem. Já passou muito tempo'. O tempo não passa - não vai passar. Eu não vou estar cá para ver os meus amigos com cancro devido ao 11 de Setembro serem avaliados como menos importantes por causa da altura em que adoeceram. Vocês fizeram-me vir aqui na véspera da minha 69.ª sessão de quimioterapia. Vou assegurar-me de que não vão esquecer-se de tomar conta dos socorristas do 11 de Setembro", declarou Luis Alvarez, pai de três filhos, perante o subcomité parlamentar para os Direitos e Liberdades Civis do Congresso.
Foi Jon Stewart quem pediu a audiência perante a iminência do fim do fundo de apoio aos socorristas do 11 de Setembro. Em 2015, foram aprovados 7,3 mil milhões de dólares para as despesas de apoio às vítimas até 2020. No entanto, os responsáveis pelo fundo vieram a público dizer que a quantia paga a cada indivíduo poderia ter de ser reduzida, uma vez que o número crescente de pedidos de ajuda gerou falta de financiamento.
"Aqui sentado, não posso deixar de pensar. Que metáfora é esta sala para aquilo em que todo o processo de arranjar mais cuidados de saúde e benefícios para as equipas de primeira intervenção do 11 de Setembro se tornou", afirmou Stewart, que não deixou passar em branco a falta de comparência de quase todos os congressistas. Atrás dele, as bancadas estavam cheias de antigos socorristas.
"É uma vergonha para o país e uma mancha para esta instituição. Deviam estar envergonhados mesmo por aqueles que não estão aqui. Mas não estão, porque responsabilidade não parece ser uma coisa que aconteça nesta câmara", afirmou o apresentador do The Daily Show, perante uma plateia que o aplaudiu de pé.
Um dia mais tarde, a 12 de junho, o comité de Assuntos Judiciais do Congresso aprovou, por unanimidade, a lei de extensão do fundo, no sentido de oferecer aos polícias e aos bombeiros do 11 Setembro toda a ajuda que for necessária, até pelo menos 2090. Só falta a aprovação de todo o Congresso, do Senado e a assinatura final do presidente Donald Trump.