Herói da Guerra da Independência dos EUA terá sido intersexual
Casimir Pulaski, herói da guerra da Independência dos Estados Unidos e orgulho da comunidade norte-americana de descendência polaca, terá nascido intersexual, segundo mostram os mais recentes testes de ADN norte-americanos
Estas descobertas vão ser divulgadas, num documentário a estrear esta segunda-feira nos EUA, no qual os investigadores cimentaram a sua opinião de como o "pai da cavalaria americana" era intersexual - ou seja, com uma anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixa na definição típica de sexo feminino nem de sexo masculino.
O documentário "Histórias Ocultas da América: O General era uma mulher?", vai estrear na próxima segunda-feira e vai ser transmitido no canal televisivo do Smithsonian.
Pulaski, o nobre polaco nasceu em Varsóvia, em 1745. Foi exilado da sua terra natal por ter lutado contra o domínio russo. Aconselhado por Benjamin Franklin viajou para a América do Norte para lutar com os norte-americanos pela sua liberdade. Distinguiu-se enquanto general durante a Revolução e salvou a vida a George Washington. Reformulou as forças militares a cavalo e isso valeu-lhe o nome de "pai da cavalaria americana".
Morreu das suas feridas de guerra em 1799 em Savannah, a antiga capital do estado norte-americano da Geórgia. Hoje ainda é homenageado com o "Dia de Casimir Pulaski", sempre na primeira segunda-feira de março, em Chicago, Illinois.
Em 1996, uma investigação forense sobre os seus restos mortais identificou uma pélvis mais oval e características faciais arredondadas, ambos indicadores da fisiologia feminina. No entanto as opiniões de cientistas e investigadores ficaram divididas sobre se o esqueleto encontrado pertencia na verdade ao herói de guerra americano.
"O problema com a investigação anterior feita pelos antropólogos forenses era que não apresentava nenhuma amostra genética que confirmasse (a identidade de Pulaski)," esclareceu Virginia Hutton Eastbrook, professora assistente de Antropologia na Universidade do Sul da Geórgia.
Mas graças aos avanços científicos, os investigadores da Universidade do Sul da Geórgia conseguiram recentemente combinar o esqueleto de Pulaski com o ADN extraído dos restos mortais de um parente exumado na Polónia.
Virginia Hutton Eastbrook examinou os restos mortais para o documentário e admitiu que havia necessidade de uma investigação forense à possibilidade de se tratar de uma pessoa intersexual.
"Parte do problema é a investigação forense da questão da intersexualidade, já que não sabemos como são os esqueletos intersexuais," justificou a professora, lamentando a "falta de história (forense) da condição intersexual".
Cerca de 1,7% dos bebés nascem com genitais, órgãos reprodutivos, hormonas ou cromossomas que não se encaixam nas definições de sexo feminino ou de sexo masculino, segundo as Nações Unidas. E frequentemente recorrem a uma cirurgia para se assemelhar à imagem esperada de homens ou mulheres.