No dia 8 de dezembro, os Dallas Mavericks recebiam os Houston Rockets para mais um episódio de uma velha rivalidade do Texas na NBA e tinham uma pequena surpresa reservada. Durante um timeout ainda na primeira parte, dois produtores do site The Ringer, Isaac Lee e Jason Gallagher, entraram no court para cantar uma versão da célebre Hallelujah, de Leonard Cohen..HalleLuka - assim se chama a versão (que pode ver no final deste texto) - é a celebração de um fenómeno que está a conquistar a NBA: Luka Doncic, o adolescente esloveno que se mudou para a principal liga de basquetebol do mundo depois de ter feito história na Europa..A noite não podia ter terminado da melhor forma. Com a sua equipa a perder, nos minutos finais, Doncic assumiu a bola e lançou-se numa sequência de 11 pontos consecutivos que deram a vitória aos Mavericks. Dois minutos de sonho que serviram para aumentar ainda mais o hype em redor de Luka Doncic neste começo de carreira na NBA. Um arranque que incluiu já outras façanhas de registo - como dois desarmes consecutivos sobre o seu ídolo LeBron James - e que, sobretudo, fez disparar na liga a perceção de se estar perante um jogador que pode marcar uma geração..Na Europa, Luka Doncic já tinha provado ser um basquetebolista especial. Ganhou tudo o que podia ganhar com a camisola do Real Madrid, para onde se mudara desde Lubljana aos 13 anos, quando o clube espanhol detetou que poderia estar ali o próximo grande fenómeno do basquetebol europeu. E não se enganaram em Madrid..Aos 16 anos e dois meses, o jovem Luka já era o mais novo de sempre a estrear-se pela equipa principal. Antes dos 17 já estava a jogar a Euroleague. Aos 18 anos, tornou-se o mais jovem jogador a ser eleito MVP da prova, levando o Real Madrid ao título europeu e a mais um título na Liga ACB espanhola (onde também foi o MVP). Pelo meio, carregou a Eslovénia para um inédito título europeu de seleções..A desconfiança no draft.A fama de Luka Doncic rapidamente atravessou o Atlântico e começou a atrair os olheiros da NBA, expectantes perante o que se anunciava como uma versão moderna do lendário Drazen Petrovic, base jugoslavo que morreu há 25 anos, numa altura em que a sua carreira na NBA estava no auge, e cuja referência continua viva na memória coletiva..Apesar da expectativa, Luka não foi, no entanto, a primeira escolha do draft no último verão. As resistências que subsistem em alguns setores da NBA em relação aos jogadores europeus levaram os Phoenix Suns e os Sacramento Kings a preferir promessas saídas do basquetebol universitário norte-americano nas duas primeiras posições (os Suns escolheram DeAndre Ayton, os Kings optaram por Marvin Bagley)..Luka foi escolhido na terceira posição pelos Atlanta Hawks e mesmo estes decidiram abrir mão dele e enviá-lo para Dallas em troca do base Trae Young. Dois meses depois do arranque da temporada, parecem restar poucas dúvidas: Ayton, Bagley e Young não são nenhuns flops (longe disso), mas a sorte grande saiu em Dallas.."Drop everything and watch Luka Doncic [Larguem tudo e vão ver Luka Doncic]", aconselhava a The Ringer há poucas semanas. "Halle-Luka": The next LeBron James might be a Slovenian teenager" [o próximo Lebron James pode ser um adolescente esloveno]", escreveu o Quartz. "Luka does cool things [Luka faz coisas fixes], na Deadspin. Os elogios não param....Um QI fora do normal.Para Ricardo Brito Reis, comentador da NBA na SportTV, "as provas de qualidade estavam mais do que dadas" no Real Madrid. "Toda a gente percebia que ele tinha qualidade técnica e altura para vingar naquela posição", sublinha, atribuindo a desconfiança inicial dos americanos a outro fator: a capacidade física para durar uma época inteira na NBA. E essa, diz, é a última barreira que Doncic precisa de derrubar.."Uma época de 82 jogos na NBA é muito diferente de fazer dois jogos por semana na Europa", lembra, cauteloso sobre o impacto de Luka neste arranque de temporada. Do que Ricardo não duvida - e os americanos também já não - é que Luka Doncic é "one of a kind". Um jogador diferenciado, capaz de marcar uma era. "Traz todo o capital de expectativa que o Petrovic arrastava com ele na sua época. Está destinado a ser um dos grandes jogadores europeus da história da NBA", diz o comentador..Doncic - que em Dallas tem ainda a vantagem de ter um mentor como Dirk Nowitzki, o veterano alemão que firmou a melhor carreira de um europeu na NBA - já lidera a equipa em minutos jogados por partida e tem médias assinaláveis para um rookie, com 17,8 pontos, 6,8 ressaltos e 4,5 assistências por jogo.."Mas os números nem são o mais impressionante", aponta Ricardo Brito Reis. O que tem conquistado a NBA é mesmo "a facilidade com que Doncic se impôs como líder natural dos Mavericks, melhorando uma equipa que parecia destinada a perder e que consegue nesta altura estar em lugares de playoffs"..Numa equipa com vários veteranos, é o esloveno de 19 anos que "assume a responsabilidade nos momentos decisivos". Como naqueles minutos finais ante os Rockets. E isso, lá está, é algo que o adolescente esloveno se habituou a fazer desde muito novo com a camisola do Real Madrid. "Tem um QI basquetebolístico fora do normal", resume o comentador da SportTV. HalleLuka.
No dia 8 de dezembro, os Dallas Mavericks recebiam os Houston Rockets para mais um episódio de uma velha rivalidade do Texas na NBA e tinham uma pequena surpresa reservada. Durante um timeout ainda na primeira parte, dois produtores do site The Ringer, Isaac Lee e Jason Gallagher, entraram no court para cantar uma versão da célebre Hallelujah, de Leonard Cohen..HalleLuka - assim se chama a versão (que pode ver no final deste texto) - é a celebração de um fenómeno que está a conquistar a NBA: Luka Doncic, o adolescente esloveno que se mudou para a principal liga de basquetebol do mundo depois de ter feito história na Europa..A noite não podia ter terminado da melhor forma. Com a sua equipa a perder, nos minutos finais, Doncic assumiu a bola e lançou-se numa sequência de 11 pontos consecutivos que deram a vitória aos Mavericks. Dois minutos de sonho que serviram para aumentar ainda mais o hype em redor de Luka Doncic neste começo de carreira na NBA. Um arranque que incluiu já outras façanhas de registo - como dois desarmes consecutivos sobre o seu ídolo LeBron James - e que, sobretudo, fez disparar na liga a perceção de se estar perante um jogador que pode marcar uma geração..Na Europa, Luka Doncic já tinha provado ser um basquetebolista especial. Ganhou tudo o que podia ganhar com a camisola do Real Madrid, para onde se mudara desde Lubljana aos 13 anos, quando o clube espanhol detetou que poderia estar ali o próximo grande fenómeno do basquetebol europeu. E não se enganaram em Madrid..Aos 16 anos e dois meses, o jovem Luka já era o mais novo de sempre a estrear-se pela equipa principal. Antes dos 17 já estava a jogar a Euroleague. Aos 18 anos, tornou-se o mais jovem jogador a ser eleito MVP da prova, levando o Real Madrid ao título europeu e a mais um título na Liga ACB espanhola (onde também foi o MVP). Pelo meio, carregou a Eslovénia para um inédito título europeu de seleções..A desconfiança no draft.A fama de Luka Doncic rapidamente atravessou o Atlântico e começou a atrair os olheiros da NBA, expectantes perante o que se anunciava como uma versão moderna do lendário Drazen Petrovic, base jugoslavo que morreu há 25 anos, numa altura em que a sua carreira na NBA estava no auge, e cuja referência continua viva na memória coletiva..Apesar da expectativa, Luka não foi, no entanto, a primeira escolha do draft no último verão. As resistências que subsistem em alguns setores da NBA em relação aos jogadores europeus levaram os Phoenix Suns e os Sacramento Kings a preferir promessas saídas do basquetebol universitário norte-americano nas duas primeiras posições (os Suns escolheram DeAndre Ayton, os Kings optaram por Marvin Bagley)..Luka foi escolhido na terceira posição pelos Atlanta Hawks e mesmo estes decidiram abrir mão dele e enviá-lo para Dallas em troca do base Trae Young. Dois meses depois do arranque da temporada, parecem restar poucas dúvidas: Ayton, Bagley e Young não são nenhuns flops (longe disso), mas a sorte grande saiu em Dallas.."Drop everything and watch Luka Doncic [Larguem tudo e vão ver Luka Doncic]", aconselhava a The Ringer há poucas semanas. "Halle-Luka": The next LeBron James might be a Slovenian teenager" [o próximo Lebron James pode ser um adolescente esloveno]", escreveu o Quartz. "Luka does cool things [Luka faz coisas fixes], na Deadspin. Os elogios não param....Um QI fora do normal.Para Ricardo Brito Reis, comentador da NBA na SportTV, "as provas de qualidade estavam mais do que dadas" no Real Madrid. "Toda a gente percebia que ele tinha qualidade técnica e altura para vingar naquela posição", sublinha, atribuindo a desconfiança inicial dos americanos a outro fator: a capacidade física para durar uma época inteira na NBA. E essa, diz, é a última barreira que Doncic precisa de derrubar.."Uma época de 82 jogos na NBA é muito diferente de fazer dois jogos por semana na Europa", lembra, cauteloso sobre o impacto de Luka neste arranque de temporada. Do que Ricardo não duvida - e os americanos também já não - é que Luka Doncic é "one of a kind". Um jogador diferenciado, capaz de marcar uma era. "Traz todo o capital de expectativa que o Petrovic arrastava com ele na sua época. Está destinado a ser um dos grandes jogadores europeus da história da NBA", diz o comentador..Doncic - que em Dallas tem ainda a vantagem de ter um mentor como Dirk Nowitzki, o veterano alemão que firmou a melhor carreira de um europeu na NBA - já lidera a equipa em minutos jogados por partida e tem médias assinaláveis para um rookie, com 17,8 pontos, 6,8 ressaltos e 4,5 assistências por jogo.."Mas os números nem são o mais impressionante", aponta Ricardo Brito Reis. O que tem conquistado a NBA é mesmo "a facilidade com que Doncic se impôs como líder natural dos Mavericks, melhorando uma equipa que parecia destinada a perder e que consegue nesta altura estar em lugares de playoffs"..Numa equipa com vários veteranos, é o esloveno de 19 anos que "assume a responsabilidade nos momentos decisivos". Como naqueles minutos finais ante os Rockets. E isso, lá está, é algo que o adolescente esloveno se habituou a fazer desde muito novo com a camisola do Real Madrid. "Tem um QI basquetebolístico fora do normal", resume o comentador da SportTV. HalleLuka.