Parecia que só estavam à espera da casa nova. O certo é que um dos ninhos artificiais instalados em janeiro no Douro Internacional, dois meses depois, já está ocupado por um novo casal de abutres-pretos, a maior ave de rapina da Europa. Com este sucesso, passa a haver dois casais reprodutores da espécie no Parque Natural do Douro Internacional, anunciou a Sociedade Portuguesa para os Estudo das Aves (SPEA), que coordena o projeto, que é cofinanciado pela União Europeia."O facto de este ninho ter sido ocupado tão rapidamente mostra a importância de providenciar locais seguros onde estas aves ameaçadas possam fazer o ninho, sobretudo na sequência de eventos devastadores como foi o incêndio de 2017", afirma Joaquim Teodósio, o coordenador do projeto, que dirige também na SPEA o departamento de Conservação Terrestre..O primeiro casal de abutres-pretos instalou-se na região do Douro Internacional, do lado de cá da fronteira, há sete anos, o que na altura surpreendeu os biólogos, dada a enorme distância da sua nova morada em relação às colónias mais próximas de abutres-pretos, em terras espanholas, a cerca de cem quilómetros,.Em 2017, este primeiro casal perdeu a cria, devido aos incêndios que devastaram a região, e durante os quais ficaram sem o seu ninho. No ano passado, já num novo ninho, a cria deste casal pioneiro vingou. E agora há mais um casal reprodutor, que aproveitou a casa providenciada naquela região pelo projeto Life Rupis, no início do ano..imagemDN\\2019\\03\ g-3f1d6959-cf93-45ce-86c4-c2222c072de3.jpg.Os ninhos artificiais "são plataformas elevadas instaladas no topo da copa de árvores selecionadas onde os abutres-pretos podem fazer o ninho e manter as crias em segurança", explica a SPEA. A equipa instalou quatro destes ninhos "em locais estratégicos do Parte Natural do Douro Internacional". Dois meses passados, um deles já tem ocupantes..A equipa do projeto espera agora que os dois casais de aves e as suas futuras crias, bem como outros que se lhes possam juntar ainda, possam constituir ao longo dos próximos anos uma nova população de abutre-preto no país..No Alentejo, há três a quatro casais de abutre-preto e em 2015, depois de mais de 40 anos de não ter havido reprodução destas aves a sul do Tejo, nasceu ali uma cria de abutre-preto. Desde então, têm nascido sempre crias neste pequeno núcleo no Alentejo.