Abutre-preto reproduz-se com sucesso pelo terceiro ano consecutivo no Alentejo
Trata-se do "terceiro ano consecutivo que o abutre-preto cria com sucesso" no Alentejo e de "um resultado que vem reforçar o restabelecimento de um núcleo reprodutor da ave" na região, frisa a LPN, num comunicado enviado à agência Lusa.
A cria é a terceira a nascer com sucesso no Alentejo desde 2015, quando a espécie voltou a reproduzir-se e nasceu o primeiro abutre-preto na região, após mais de 40 anos sem reprodução confirmada da ave a sul do rio Tejo em Portugal, refere a LPN.
Segundo a LPN, a cria nasceu de um ovo incubado "com sucesso" por um dos casais de abutre-preto que estão a nidificar, durante a época de reprodução deste ano, na Herdade da Contenda, no concelho de Moura, distrito de Beja.
A monitorização feita pela LPN em parceria com a empresa municipal Herdade da Contenda, de Moura, confirmou a existência de três a quatro casais de abutre-preto a nidificar este ano na herdade, um deles num ninho natural construído pela espécie e os restantes em ninhos artificias instalados no âmbito do projeto LIFE para promoção do habitat do lince-ibérico e do abutre-preto no sudeste de Portugal.
Dois dos casais de abutre-preto puseram um total de dois ovos, um ovo cada, como é característico da espécie, dos quais nasceram duas crias, mas uma delas sobreviveu "apenas alguns dias" e a outra, cujo nascimento com sucesso foi hoje divulgado, já tem quase três meses.
Através de uma análise genética para determinar o sexo da cria, foi possível confirmar tratar-se de uma fémea, que está "em perfeitas condições físicas" e deverá manter-se no ninho durante as próximas semanas, até adquirir a capacidade de voar.
Segundo a LPN, recentemente, a nova cria de abutre-preto foi marcada com uma anilha PVC vermelha com código em branco, o que "permitirá continuar a identificá-la quando deixar o ninho".
A reprodução da espécie, "ameaçada de extinção em Portugal", foi possível "sobretudo" graças às medidas implementadas no âmbito do projeto e da "indispensável colaboração" da empresa municipal Herdade da Contenda e da sua "adequada gestão da área", indica a LPN.
Os abutres-pretos são "extremamente importantes para manter a sanidade dos ecossistemas" e estão sujeitos a "diversas ameaças" à sua sobrevivência, sendo "a maioria de origem humana", com destaque para o envenenamento ilegal e a escassez de alimento.
A utilização do medicamento veterinário diclofenac, um anti-inflamatório não esteroide para tratamento do gado, "representa um enorme risco para estas aves necrófagas em Portugal", "especialmente agora que o Estado Português está a avaliar a autorização do seu uso na pecuária", refere a LPN.
A ingestão de animais tratados com diclofenac provoca insuficiência renal aguda nos abutres-pretos, provocando-lhes a morte "num curto espaço de tempo", explica a LPN, referindo que aquele medicamento veterinário tem "sido responsável pelo dramático e abrupto declínio dos abutres no subcontinente indiano", onde, por siso, foi "banido".
A LPN pede a quem detetar algum dos abutres-pretos nascidos no Alentejo, que têm as anilhas 7E, 7K e 7M, para não hesitar em contactá-la.