Conhecido historicamente como o curso que mais dificuldade oferece aos candidatos ao ensino superior, Medicina deixou de ocupar o primeiro lugar no ranking das médias mais elevadas do país em 2015. Este ano, é preciso recuar até ao quinto lugar da tabela para encontrar o curso de Medicina do Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar, na Universidade do Porto, que tem a média mais alta na área..As engenharias, que ocupam agora os primeiros lugares, são mais atrativas e a profissão de médico está a passar por uma desvalorização, explicam o reitor da Universidade do Porto e o presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho.."Por um lado, há uma diminuição da atratividade das profissões ligadas à área da saúde de uma forma geral e, por outro lado, há um aumento do gosto, que tem sido estimulado, e bem, pelas áreas da tecnologia, o que leva a um aumento da procura", indica o reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira..Os resultados da primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior, divulgados neste domingo (8 de setembro), atribuem a nota mais elevada ao curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico (IST), em que o último colocado tem uma média de 18,95 valores. Seguem-se os cursos de Engenharia Física e Tecnológica, também no IST (18,88 valores), o de Bioengenharia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e o de Engenharia e Gestão Industrial, também na FEUP (ambas com 18,65 valores). Medicina ocupa o quinto lugar desta tabela..A média mais alta registada num curso de Medicina pertence ao curso do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto, com 18,50 valores. A segunda à Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com 18,27 valores, e a terceira à Universidade do Minho, com 18,22. A nota mais baixa é a da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade dos Açores, com 17,48..Ensino Superior_medicina Infogram.A formação superior em Medicina volta assim a descer as médias em quase todos os institutos que oferecem este curso. Se em 2015 existiam apenas quatro cursos de Medicina com médias de ingresso abaixo dos 18 valores, neste ano existem seis..medias Infogram.Engenharias despertam mais interesse, Medicina menos."Estão a emergir outras formações de enorme interesse para os melhores estudantes medidos pelas notas de acesso, por exemplo Engenharia Aeroespacial. E a Medicina está a perder atratividade nos últimos anos, porque a situação de pleno emprego está a desaparecer", diz Nuno Sousa, presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho.."Desde essa data [2015] que há um conjunto de novos médicos que acabaram os mestrados integrados e que fizeram o exame para a especialidade médica e acabaram por não entrar em nenhum programa de internato. Portanto, ficaram com o seu futuro profissional severamente em perigo. E os jovens são particularmente inteligentes e sensíveis a este tipo de indicador", acrescenta Nuno Sousa..E, mesmo quando os estudantes alcançam o mercado de trabalho, "a medicina é hoje uma profissão mais mal paga e eventualmente o prestígio social também decresceu", afirma o reitor da Universidade do Porto..Medicina teve o seu pior resultado em 2018.No ano passado, o curso de Medicina revelou os piores resultados em termos de classificação no ranking geral das médias mais altas, surgindo o primeiro curso em sétimo lugar (Medicina, no Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar, com 18,22 valores). Mas Medicina já tinha deixado o pódio dos cursos com médias mais elevadas em 2016, quando o primeiro curso aparecia em quarto lugar (18,40 valores)..2015 foi o último ano em que Medicina teve a nota de entrada mais elevada do concurso de acesso ao ensino superior, com uma média de 18,67 valores.