É a maior edição da ARCO Lisboa. E regressa, até domingo (28 de maio), ao edifício mais comprido da cidade: a Cordoaria Nacional. Dias antes da inauguração - que acontece esta quinta-feira para profissionais e amanhã para o público -, na confusão própria das montagens a dominar a Cordoaria e o som de berbequins e martelos em pano de fundo, falamos com a diretora da ARCO, a espanhola Maríbel López, visivelmente feliz com a edição pronta a arrancar: "Mais vinte galerias é muito para esta feira. Tivemos mais galerias a quererem participar e percebemos que podíamos fazer crescer a feira." A razão do crescimento, diz, deve-se à pujança atual de Lisboa em torno da arte, sobretudo arte contemporânea. "Há mais galerias de arte em Lisboa e há um fenómeno interessante a acontecer: há galerias de outros países a abrir a sua segunda galeria em Lisboa ou mesmo a primeira. E a feira tem de estar atenta a isso"..A feira do ano passado foi a do regresso, depois de um hiato de dois anos provocado pela pandemia, o que, segundo Maríbel López, a tornou "numa edição muito especial na qual percebermos que o público, galerias, artistas, colecionadores, tinham muita vontade de que a ARCO acontecesse". Pedimos que esmiuçasse, então, a afirmação anterior sobre o fulgor da arte em Portugal. "Há uma grande qualidade de galerias e artistas em Portugal e a história recente de arte portuguesa com referências muito grandes, Helena Almeida, Julião Sarmento e Cabrita Reis, entre outros, que construíram um legado para os mais jovens. É por isso que vem tanta gente à Arco Lisboa, para verem a arte portuguesa em diálogo com a arte internacional. Além disso há muita curiosidade na arte portuguesa e a qualidade é impressionante"..A ARCO Lisboa está dividida em vários setores, sendo que a maioria das galerias está no Programa Geral, uma escolha do comité da feira (constituído por elementos espanhóis, portugueses e ingleses). Dentro das novidades, algumas galerias apresentam trabalhos de um só artista. "Sabemos que as galerias fazem o seu papel de curadores e há galerias que apresentam, nesta edição, trabalhos de um só artista", explica..Outra das secções dá destaque ao África em Foco, um programa que já existe há três anos com essência e conteúdo próprios - a curadora Paula Nascimento convidou oito galerias, distribuídas pela feira, sem grandes distinções das restantes. "Há galerias que convidamos anteriormente para o África em Foco que hoje já estão no Programa Geral". E ainda há o espaço Opening Lisboa, para galerias que participam pela primeira ou segunda vez no certame. "Não depende da idade da galeria, mas da sua presença na feira. Este é um dos espaços novos desta edição, o que é importante para não existir uma sensação de deja vú nos visitantes que regressam à ARCO.".E há negócio na feira de Lisboa? "Sem dúvida!", responde Maríbel, "se não acontecesse não era possível organizar a feira". Acrescenta a isto que a ARCO tem também a missão de gerar "cada vez mais interesse pela arte contemporânea". "Quando alguém pensa comprar uma obra não o faz de ânimo leve, por isso criámos a secção de Ex-Libris, com publicações e revistas sobre os artistas, para melhor informação do possível comprador. Além disso, também temos as conversas, as Talks, para ajudar a divulgar a arte contemporânea"..Voltando ao negócio, uma pergunta mais generalista: há retorno do investimento em arte? "É sempre um bom investimento porque a arte dá muitas coisas, é um investimento em memória, em reconhecimento. Economicamente é possível que o seja, mas não sempre. E se se compra com o objetivo de fazer dinheiro é possível que exista alguma frustração. Contudo, quando o investimento é feito com paixão a surpresa pode ser incrível. Estou convencida que é sempre um bom momento para comprar arte. E quando um museu se interessa por determinado artista, a sua obra no seu todo passa a ser muito valorizada", sublinha Maríbel López..Sobre o atual momento da arte contemporânea, e apesar da multiplicidade de assuntos, temáticas e técnicas, com cada artista a ser um universo, a diretora da ARCO Lisboa elucida que "há muitos artistas jovens a pensar em termos de pintura, que volta a ter muita força entre eles. Além do regresso ao tradicional, vemos mais trabalhos com têxtil, cerâmica e vidro. Estas são tendências visuais muito fortes no presente"..Regressando ao programa da feira, esta ano está ainda prevista a entrega de dois prémios. Um, escolhido por um comité de curadores internacionais, vai premiar uma galeria na secção Opening Lisboa. E o outro prémio, uma estreia, será para o melhor stand, em que dois curadores, um espanhol e uma portuguesa, farão a sua escolha". Tudo em redor da arte dos nossos tempos..ARCO Lisboa Horário Dias 26 e 27*: das 12.00 às 20.00 horas entrada gratuita para jovens até 25 anos: das 15h às 20h Dia 28: das 12.00 às 18.00 horas Morada: Cordoaria Nacional | Av. da Índia - 1300-598 Lisboa.filipe.gil@dn.pt