"Há faturas com um ano de atraso"

Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, afirma que bombeiros têm de ser pagos, seja pelo Ministério da Saúde seja pelas autarquias
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Na sua proposta para a área da saúde, o governo propõe a transferência do transporte não urgente para os municípios. Como está atualmente a situação do pagamento às associações de bombeiros?

As dívidas do Ministério da Saúde não estão pagas e têm vindo a aumentar substancialmente. Estimo que devem estar nos 30 milhões de euros, o que deixa os bombeiros numa situação insustentável. Há faturas com meses e um ano em atraso. Este valor permitiria um fundo de maneio até para para os corpos de bombeiros terem mais efetivos. Mas nem para isso, porque as associações têm de cumprir com os seus fornecedores, gastos com combustíveis, reparações e estão sempre numa situação de sufoco financeiro. Na minha opinião qualquer governo é sempre muito solicito a querer transferir competências para os municípios, sobretudo aquelas que mais os incomodam, e que não fazem acompanhar com a devida mochila financeira. Uma coisa é o valor calculado quando a responsabilidade é do governo, que está a gerir à distância, outra é quando passa para o município em que há uma exigência permanente em proximidade para a melhoria dos serviços.

Para os bombeiros a transferência é uma solução melhor ou pior?

Os bombeiros continuarão a trabalhar para os doentes. A sua prestação de serviços tem de ser paga, seja pelo ministério seja pelos municípios. É preciso que os municípios vejam se têm condições para aceitar a transferência para a situação não se agudizar. Um relacionamento de proximidade é importante e até pode ser mais vantajoso. Mas só o será realmente se nos pagarem.

Então pensa que haverá vantagens em relação ao pagamento.

Pior não acredito que fique. Só temo que a transferência de valores fique aquém dos custos. Espero que não se veja um agravar da situação que já está tão mal neste momento. Por isso digo que não acredito que fique pior.

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