Há 200 milhões de anos o maior dinossauro carnívoro vivia nos Alpes
Foi descoberto por mero acaso, em 1996, perto de Saltrio, uma pequena aldeia 80 quilómetros a norte de Milão, por um paleontólogo amador com tempo livre e gosto por caminhadas na montanha. Mas o Saltriovenator zanellai, como lhe chamaram os paleontólogos do Museu de História Natural de Milão, que o estudaram ao longo de todos estes anos, revelou-se um verdadeiro achado para a ciência.
O novo dinossauro é único a vários títulos, e tem uma importante história contar, que preenche vazios na evolução dos famosos répteis gigantes que já reinaram na Terra. O seu estudo é publicado esta quarta-feira na revista científica PeerJ.
Ao mesmo tempo um novo género e uma nova espécie de Ceratossaurus, uma família de predadores carnívoros bípedes que se expandiram por vários continentes no Jurássico Superior, entre há 153 e 148 milhões de anos, o Saltriovenator é também o primeiro dinossauro do Jurássico descoberto em Itália.
Só isso já seria uma descoberta importante, mas as surpresas não ficam por aqui. O novo espécime é agora o mais antigo Ceratossaurus conhecido, que viveu 25 milhões de anos antes de todos os seus primos que a ciência já tinha catalogado.
Outro marca distintiva do novo dinossauro é que ele era muito maior do que os parentes seus contemporâneos: teria uma altura de 7,5 metros, ao passo que os seus parentes mais próximos não excediam os cinco metros. Seja como for, a nova espécie deveria atingir dimensões ainda maiores, uma vez que este indivíduo não tinha atingido a idade adulta.
"A nossa análise paleohistológica indica que o Saltriovenator ainda estava em crescimento, numa fase subadulta, e por isso o seu tamanho estimado é ainda mais notável, no contexto do Jurássico Inferior", adianta Simone Maganuco, um dos coautores do estudo.
Uma das maiores novidades da descoberta é, no entanto, o facto de ser uma nova peça no puzzle da evolução dos dinossauros na primeira fase do Jurássico. Na prática, oSaltriovenator "é um mosaico de características ancestrais e avançadas, respetivamente dos ceratossaurios de quatro dedos e dos terópodes de três dedos", explica por seu turno Cristiano Dal Sasso, que coordenou o estudo, no Museu de História Natural de Milão.
O Saltriovenator, garante Dal Sasso, mostra que "a luta evolutiva entre os predadores mais atarracados e os gigantes herbívoros, que evoluíram para para espécies cada vez maiores, já tinha começado há 200 milhões de anos".