Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie acusam Weinstein de assédio
Duas das atrizes mais conhecidas de Hollywood, Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie, vieram juntar-se aos nomes que acusam o produtor Harvey Weinstein de assédio e comportamentos inapropriados. As acusações surgem no mesmo dia em que a revista New Yorker publicou um artigo com relatos de atrizes como Mira Sorvino, Rosanna Arquette e Asia Argento.
A revelação de Paltrow surgiu num novo artigo no jornal The New York Times, que avançou a história no último fim de semana, dando conta de vários acordos extrajudiciais para calar queixas de assédio, ao longo de quase três décadas.
Paltrow contou que tinha 22 anos quando foi contratada por Weinstein para o filme Emma, uma adaptação do livro de Jane Austen. Antes de as filmagens começarem, a atriz foi chamada à suite do produtor num hotel em Beverly Hills para uma reunião de trabalho que terminou com Weinstein a tocar-lhe e a sugerir que fossem para o quarto para uma massagem. "Era uma miúda, tinha sido contratada, fiquei petrificada", disse.
Paltrow disse ter fugido ao assédio de Weinstein e contou que confidenciou o caso ao namorado da altura, o também ator Brad Pitt, que confrontou o produtor - um representante de Pitt confirmou a história ao jornal. A atriz foi depois abordada pelo patrão que lhe disse para não contar aquela história a mais ninguém. "Gritou comigo durante muito tempo. Foi brutal", recordou, acrescentando que pensava que ia ser despedida. Não foi, ficou em silêncio, e a parceria com Weinstein até acabou por lhe valer um Óscar.
Mas agora, aos 45 anos e com uma carreira de sucesso, Paltrow considera que é tempo de falar: "Chegámos a um ponto em que as mulheres precisam de mandar uma mensagem clara de que isto acabou. Esta forma de tratar as mulheres acaba agora".
Também Angelina Jolie confirmou que foi assediada pelo produtor num quarto de hotel, no final dos anos 90. "Tive uma má experiência com Harvey Weinstein quando era jovem, e por causa disso, escolhi não voltar a trabalhar com ele e avisar os outros sobre ele, disse Jolie ao Times por email. "Este comportamento para com as mulheres é inaceitável em qualquer campo."
Harvey Weinstein acabou por ser afastado da companhia que fundou, na sequência deste escândalo, mas nas últimas décadas foi um dos homens mais poderosos de Hollywood e do cinema independente, como cofundador das produtoras Miramax e Weinstein Company, ligadas a filmes como Sexo, Mentiras e Vídeo, O Paciente Inglês, Pulp Fiction ou Shakespeare in Love. O caso é também político já que Weinstein usou a sua influência e dinheiro para apoiar vários candidatos democratas, de Obama a Hillary Clinton.