António Guterres defendeu esta terça-feira, em Lisboa, que "é absolutamente crucial restabelecer a integridade do sistema de proteção legal dos refugiados"..O secretário-geral eleito das Nações Unidas intervinha numa conferência na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, sobre como melhorar as respostas à crise dos migrantes e dos refugiados na Europa..Frisando que as migrações são um fenómeno inevitável e necessário, tendo em conta as projeções demográficas e económicas de longo prazo, António Guterres lamentou a falta de apoio dada pela comunidade internacional aos países que acolhem refugiados - como a Jordânia ou o Líbano - e sublinhou: "Quando algo é inevitável e é necessário, a melhor solução é tentar gerir o fenómeno."."É absolutamente essencial criar mecanismos de solidariedade com esses países de asilo" para não os "deixar sozinhos" a lidar com o problema dos refugiados, frisou Guterres, na conferência Vision Europe..Dando os sírios como exemplo de falhanço da comunidade internacional, o ex-primeiro-ministro e antigo Alto Comissário para os Refugiados deixou um alerta: "Todos nós, num mundo em que se assiste à multiplicação de conflitos e ao terrorismo global, pagaremos um preço elevado" porque haverá uma deterioração de valores civilizacionais como a tolerância, a coesão e a solidariedade..Aumentar as oportunidades de migração legal, com diferentes tipos de visas, é uma das soluções que também permitirão "reduzir a margem de manobra" das redes de imigração ilegal, argumentou António Guterres..O secretário-geral eleito da ONU, que assume funções a 1 de janeiro de 2017, constatou ainda que as sociedades atuais investem muito mais recursos humanos e financeiros a combater o tráfico de droga do que as redes de transporte clandestino de migrantes e refugiados..A declaração final deste segundo encontro Vision Europe, promovido por oito fundações - entre as quais a Gulbenkian - e instituições académicas europeias, defende o reforço da estabilidade e da promoção de oportunidades nas regiões de origem dos migrantes e refugiados, a criação de locais de passagem seguros e a melhoria dos processos de asilo, a partilha de responsabilidades entre os Estados membros da UE e a promoção e criação de condições de emprego, entre outras medidas para lidar com a crise migratória e diminuir os medos das opiniões públicas europeias.