Alterações climáticas e cibersegurança são os temas do dia, diz novo doutor Guterres
António Guterres é doutor honoris causa pela escola que o formou e que ele ajudou a formar, ele que foi o aluno que conseguiu a melhor classificação de sempre no curso de engenharia eletrotécnica do Instituto Superior Técnico (19 valores). Terminou a sua intervenção, no edifício da Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa, dizendo que se soubesse o que lhe ia acontecer na vida votaria a inscrever-se como aluno na sua escola.
Falou de improviso sobre a engenharia, aliás, primeiro brincando com o que muitas vezes lhe disseram: como podes ser engenheiro eletrotécnico se nunca mudaste fusíveis. "Não é verdade, lembro-me de ter mudado duas ou três vezes".
Mas foi no plano das novas tecnologias e da inteligência artificial que colocou a tónica, ao realçar a importância decisiva dos engenheiros na investigação para contrariar as alterações climáticas, o maior desafio que a humanidade enfrente hoje. Não foi catastrofista e sublinhou as soluções já encontradas e que, por exemplo, já levaram a que a mais barata fonte de energia esteja hoje nas renováveis. E deteve-se igualmente nas questões do ciberespaço, para notar que a próxima guerra será precedida de um ciberataque e não por barragens de artilharia nem bombardeamentos aéreos.
Como antes sublinhou Arlindo Oliveira, o presidente do IST, 54 anos, a importância de Guterres enquanto antigo aluno está não apenas no exemplo que representa para ao atuais alunos, mas também na inovação que introduziu no apoio à ciência enquanto primeiro-ministro, tendo como ministro da área Mariano Gago. "A ciência não seria o que é hoje em Portugal se não tivesse havido a coragem dessa política nesse momento, acrescentou.
Perante a Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa cheia de altas individualidade e a comunidade académica, Marcelo Rebelo de Sousa deteve-se sobretudo nas qualidades do amigo de longa data e na sua capacidade mobilizadora.
A cerimónia terminou com um momento musical, com Luísa Amaro (guitarra portuguesa) e Paulo Sérgio dos Santos (piano) a interpretar Canto do Rio e Verdes Anos de Carlos Paredes e Canção da Primavera de Francisco Martins. António Guterres não esteve presente no Porto de Honra, para dar uma conferência de imprensa.