Guardia Civil acusa major dos Mossos de "inação flagrante"
A Guardia Civil acusa o major dos Mossos d"Esquadra, Josep Lluís Trapero, de "inação flagrante" no referendo de 1 de outubro, alegando que houve "diretrizes de atuação da parte da cadeia de comando" da polícia catalã para os agentes "não atuarem". Tudo, segundo um relatório entregue à Audiência Nacional, em "conexão direta com os membros do comité estratégico", numa referência, entre outros, ao presidente da Generalitat, Carles Puigdemont.
"O trabalho dos Mossos passava por não atuar e chegar mesmo a dificultar a atuação" das outras polícias presentes na Catalunha - Guardia Civil e Polícia Nacional. "Essa realidade é evidente que não podia recair na vontade individual dos agentes, mas respondeu a um plano premeditado para evitar atuar e que não podia vir de outro lado que não a cúpula policial dos Mossos d"Esquadra", isto é, Trapero. O relatório foi entregue à Audiência Nacional, que investiga um alegado crime de sedição.
O major foi ouvido na sexta-feira pela mais alta instância judicial espanhola, em Madrid, por causa dos incidentes de 20 de setembro, quando a saída de elementos da Guardia Civil que efetuavam uma busca nos escritórios da Generalitat foram bloqueados por manifestantes e algumas das suas viaturas vandalizadas. Trapero saiu em liberdade sem qualquer medida de coação.
O relatório inclui vários vídeos, cuja autenticidade não foi comprovada mas que a Guardia Civil diz merecer "alta credibilidade". Um deles, intitulado "Mossos a pôr urnas" segundo o El País, vê-se como não só os polícias catalães não impedem o referendo (como pedia o Tribunal Superior de Justiça), como "levam eles as urnas nos carros policiais".
Ontem, o porta-voz dos Mossos d"Esquadra, Albert Oliva denunciou que no dia do referendo não foi realizada nenhuma das reuniões de coordenação policial programadas. Estas tinham sido convocadas por Diego Pérez de los Cobos, o coronel da Guardia Civil responsável pela atuação das forças policiais.
Entretanto, a Associação Unificada de Guardas Civis (AUGC) denunciou que há vários agentes dos Mossos d"Esquadra indignados com "a passividade" no referendo, pedindo para que seja facilitada a sua incorporação à Polícia Nacional ou Guardia Civil. "A AUGC está a receber nas últimas horas a confissão de numerosos "mossos" que dizem não partilhar as ideias independentistas e sentir-se pressionados nas suas atuações policiais", indicou num comunicado na semana passada.
Mas do lado da Guardia Civil também há problemas, com relato de um dos 300 agentes que esteve no hotel de Pineda de Mar e foi obrigado a sair pelos independentistas. Contou ao El Mundo como foram alvo de ataques verbais, até de crianças com os pais ao lado, ou impedidos de entrar na lavandaria ou no café da localidade.
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