Sem luvas nem fatos. Grupo Especial de Combate a Incêndios sem meios básicos

"Para complicar mais um bocado a nossa vida falta ainda dizer-vos o ponto de situação sobre material e viaturas. Rádios, telemóveis, computadores, impressora... Não existem", escreve o comandante do grupo
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Luvas, fatos, telemóveis, carros ou computadores. Estes são alguns dos meios básicos para o trabalho no combate aos incêndios que faltam no Grupo Especial de Combate Contra Incêndios (GIPS) da GNR, segundo um email interno do comandante do grupo, em que o major Cura Marques admite que "não tem meios necessários" básicos.

No email interno a que o jornal Público teve acesso, o major admite que, a uma semana de terminarem a formação, "ainda não têm equipamento de proteção individual (EPI) não têm luvas, carros, rádios, telemóveis, computadores ou impressoras, nem sequer condições de descanso em todos os centros de meios aéreos onde vão ficar sediados".

"Nesta data [a 15 de maio, quando concluírem a formação] passamos a contar com cerca de 1.070 militares, mas não temos equipamento de proteção individual (EPI) -- capacete, cogula, luvas, etc -, nem viaturas para os transportar", destaca o comandante.

As associações que representam os praças e os oficiais das Forças Armadas também garantem que os militares não têm os materiais básicos. Em declarações à TSF, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas sublinha que já ano passado os cerca de mil homens do Exército no terreno enfrentaram o problema da falta de meios e de material adequado: "botas, óculos, capacetes, luvas", exemplifica António Mota.

De acordo com jornal Público, nos GIPS, o major Cura Marques terá escrito o email para informar os formandos, que terminam na próxima semana a formação e serão colocados em 33 centros de meios aéreos espalhados pelo país, de forma a "evitar algumas confusões".

"Previsivelmente (com alguma sorte à mistura) podemos ter uma farda por militar, botas, cogula, óculos e capacete no dia 20 de maio. Sublinho que só teremos uma farda... não há tecido em Portugal para mais nesta altura. Esclareço também que nesta altura provavelmente não vai haver luvas (estamos a pensar em soluções 'imaginativas' para solucionar o problema. Até agora não vemos a luz ao fundo do túnel", disse.

Segundo o jornal, o prazo começa a apertar para esta força que, depois de terminada a formação, tem de cumprir um mês de estágio, já em época de incêndios.

O comandante aponta também que poderão não estar em plena força a 01 de junho, salientando que "a normalidade só chegará mais tarde", ou seja, só em julho o GIPS terá "a possibilidade de ter tudo para trabalhar a 100%".

"Para complicar mais um bocado a nossa vida falta ainda dizer-vos o ponto de situação sobre material e viaturas. Rádios, telemóveis, computadores, impressora... Não existem", escreve o major, acrescentando que "existem alguns [rádios] usados, que talvez possam utilizar".

O major destaca também que vai ser preciso improvisar nas zonas de descanso uma vez que "camas, armários, mesas e cadeiras... não há". Quanto aos carros de transporte e combate, é referido que "talvez em junho, julho" possa haver "algumas 'pick-ups'".

O Ministério da Administração Interna contactado pelo Público disse que "estão a decorrer os procedimentos habituais para a aquisição de novos equipamentos" e que os "militares terão o equipamento necessário e indispensável para o cumprimento da sua missão", sem referir datas em que estarão disponíveis.

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