Liga rejeita pedido do Vit. Setúbal para adiar jogo com o Sporting

Vírus no plantel sadino agravou-se e "90%" dos jogadores estão doentes, com 14 deles, nesta tarde, no Hospital da Luz. Sporting recusa adiamento do jogo, mas o presidente do Vitória de Setúbal não se conforma.
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A Liga de Clubes diz que não é possível adiar o jogo entre o Vitória de Setúbal e o Sporting. Os sadinos tinham feito o pedido por neste momento terem 14 jogadores do plantel doentes. O Sporting rejeitou mudar a data do jogo e esse é motivo invocado pela Liga para não haver adiamento.

"A Liga Portugal informa que recebeu o pedido de adiamento, remetido pelo Vitória FC, do jogo desta equipa com o Sporting CP, a contar para a jornada 16 da Liga NOS, por surto gripal no seu plantel. O Sporting CP fez chegar à Liga Portugal a sua oposição ao adiamento. Tendo a Liga Portugal diligenciado junto dos dois clubes com vista à solução da questão e verificando que estes não chegam a um consenso, o adiamento não está em condições de ser determinado", diz o comunicado divulgado ao fim da tarde desta quinta-feira.

O Sporting argumenta que o calendário não permite adiar, já que não haveria datas disponíveis para mais tarde realizar o jogo, o que motivou um protesto dos sadinos.

Vítor Hugo Valente, presidente do Vitória de Setúbal, explicou que há neste momento 14 jogadores do clube no Hospital da Luz, por causa de um problema de saúde ainda não especificado. "Não é uma simples constipação, nem gripe", disse.

Os jogadores em questão são Artur Jorge, Éber Bessa, Mansilla, Ghilas, Nuno Valente, Semedo, Hachadi, Pirri, André Sousa, Jubal, Berto, Makaridze, Zequinha e Nuno Pinto.

O vírus que está a afetar o plantel do Vitória de Setúbal "agravou-se" e afeta agora "90%" do plantel sadino, disse ao DN fonte oficial do clube, que dá conta de que mais quatro jogadores estão doentes.

Os sadinos, que têm agendado para sábado à noite (20.30) a receção ao Sporting, referente à 16.ª jornada da I Liga, já avançaram com um pedido formal aos leões e à Liga para o adiamento do jogo, mas os verde e brancos mostraram a sua indisponibilidade através de correio eletrónico e de uma nota à imprensa.

"Os calendários de competições estão sobrecarregados e inviabilizam que o Sporting possa anuir ao pedido de adiamento da próxima jornada feito pelo Vitória Futebol Clube. A data indicada pelo Vitória como alternativa surge num momento em que o Sporting Clube de Portugal vem de um jogo em Braga, depois de receber o Sport Lisboa e Benfica, jogar a Final Four da Allianz Cup em Braga e receber o Marítimo (jogo que está dependente da prestação na Allianz Cup e poderá obrigar a nova marcação). Posteriormente à data proposta, existe a receção ao Portimonense, seguida de uma deslocação ao terreno do Rio Ave. A semana seguinte será de competições europeias", justificam os leões.

"Atendendo à planificação feita e à importância da continuidade de bons desempenhos das equipas portuguesas nas provas da UEFA, com manifestos benefícios para o futebol português, o Sporting Clube de Portugal não pode correr o risco de chegar a esses momentos com os seus jogadores competitivamente sobrecarregados e com riscos acrescidos de lesões", acrescenta o clube de Alvalade, confiando na recuperação dos jogadores sadinos até à hora do apito inicial.

"Devido à experiência do Sporting Clube de Portugal em casos similares, e ainda sem conhecer com profundidade os casos clínicos noticiados, confiamos que, até à hora do apito inicial, muitos dos casos dos jogadores do plantel do Vitória Futebol Clube serão solucionáveis, razão pela qual reiteramos a nossa vontade e disponibilidade para o jogo marcado para o próximo sábado", conclui, merecendo a resposta do presidente sadino Vítor Hugo Valente: "Ali de Alcochete medem a febre aos nossos jogadores!?"

O Sporting tem agendada para a próxima sexta-feira, dia 17, a receção ao Benfica para o campeonato. No dia 21 defronta o Sp. Braga, em Braga, na meia-final da Taça da Liga e, caso avance para a final da competição, no dia 25, terá de adiar por alguns dias a receção ao Marítimo, para a I Liga, marcada por defeito para dia 26. E no fim de semana de 1 e 2 de fevereiro os leões vão a Braga, em mais um jogo do campeonato.

Depois surge a data para a qual os vitorianos pedem o adiamento do jogo, para o meio da segunda semana de fevereiro - terça-feira dia 4, quarta 5 e quinta 6 -, quando se disputam as meias-finais da Taça de Portugal, prova em que Sporting e Vitória de Setúbal já não estão envolvidos.

"Só três ou quatro" escapam a vírus

De acordo com fonte oficial do emblema setubalense, "só três ou quatro" jogadores é que "ainda não apresentaram" sintomas do vírus. "Estamos a proceder à esterilização do balneário e das zonas frequentadas pelos jogadores", acrescentou.

As sessões de treino previstas para esta quarta e quinta-feira não se realizaram, pois os jogadores do Vitória de Setúbal começaram a apresentar sintomas como "vómitos, febres e diarreias" na semana passada, tendo o vírus alastrado a quase todo o plantel durante esta semana. Os vitorianos apelam agora à sensibilidade do presidente do Sporting, Frederico Varandas, que exerceu as funções de médico no Vitória de Setúbal entre 2007 e 2011. "O presidente do Sporting é nosso amigo, é um clube amigo e é médico, tem especial sensibilidade para este tipo de situações. Sugerimos datas que não interferem com nenhuma das competições em que o Sporting está inserido. Aguardamos pela Liga, já comunicámos ao sindicato e a todas as instâncias. Jogar sem jogadores é contra o futebol", explicou o presidente dos sadinos, Vítor Hugo Valente, à Rádio Renascença.

"É uma situação de emergência. No Vitória não brincamos com estas coisas, é um caso de saúde pública e dos nossos atletas. O departamento médico indiciou um conjunto de jogadores com o vírus, o que os impossibilitou de treinar e de jogar", começou por dizer em conferência de imprensa o líder do clube, que enumerou os atletas que se deslocaram ao hospital.

"A par da integridade das competições, cabe-nos assegurar a integridade física dos nossos atletas. A Liga disse-nos para encontrarmos uma data disponível. O Sporting respondeu-nos, através de um funcionário do departamento de futebol, dizendo que não tinham datas disponíveis. O Vitória sugere como datas disponíveis as das meias-finais da Taça de Portugal, em que os dois clubes não estão integrados. Se estivessem na Taça, os clubes teriam de jogar. O que nos cumpre defender são os nossos atletas, o clube e a integridade das competições. Não faz sentido jogarmos com os juniores, porque os sub-23 têm jogo nesse dia. Os nossos jogadores não podem jogar", acrescentou.

"Não acredito que o presidente do Sporting, que é nosso amigo, é médico e entrou para o futebol neste clube, não seja sensível a isto. Não nos passa pela cabeça que o Sporting queira ganhar três pontos no campo sem jogadores do Vitória", frisou. "Há regulamentos na Liga que preveem este tipo de situações, mas queremos resolver isto com bom senso", aditou.

"Os jogadores não estão aptos para estarem expostos a atividade física. O período habitual de duração dos sintomas é de sete dias. Os jogadores estão em isolamento", salientou o médico da equipa, Ricardo Lopes.

Já o treinador vitoriano, o espanhol Júlio Velázquez, diz que é a primeira vez que vê um caso assim e que a saúde está à frente das questões desportistas. "Jogar com três jogadores mais os juniores não é o digno. Gosto muito de Portugal e da Liga portuguesa, por isso não acredito que este jogo possa ser disputado no sábado. Queremos melhorar a Liga e que se fale bem da Liga. Não se trata de brincar. Não gosto de estar numa conferência de imprensa para falar de saúde, gosto de falar do clube e de situações táticas. O Sporting sempre foi um clube com grande história e impacto, não acredito que queira jogar nestas condições. Nunca vi uma situação igual. A racionalidade leva-nos a pensar que o jogo tem de ser adiado, até por questões de reputações da Liga portuguesa, que é muito bem vista lá fora, não podemos ter um episódio como este. Espero que a coerência e racionalidade levem as equipas a disputar o jogo numa data possível para as duas equipas", atirou.


O jogo da 16.ª jornada entre o décimo classificado da I Liga e o Sporting, quarto, está agendado para sábado, às 20.30, em Setúbal.

Na semana passada o jogo da II Liga espanhola entre Saragoça e Sporting de Gijón, que seria disputado na sexta-feira, foi adiado devido ao elevado número de jogadores afetados por gripe no conjunto asturiano, anunciou a Federação Espanhola de Futebol.

Também na semana passada o Fafe pediu o adiamento do jogo frente ao Marítimo B depois de o plantel dos minhotos ter sido atacado por um surto gripal, mas o emblema Madeirense rejeitou a hipótese de jogar noutra data o encontro da 16.ª jornada da Série A do Campeonato de Portugal, que culminou com a vitória dos insulares por 2-1.

O que diz o regulamento de competições da Liga

O Regulamento de Competições da Liga nunca se refere a doenças específicas que podem levar ao adiamento de um jogo. Mas o artigo que se aplica neste caso é o n.º 46, que fala de "jogos adiados ou interrompidos devido a caso fortuito ou de força maior".

Eis o que diz o artigo 46.

1. Quando, por causa fortuita ou de força maior, não se verifiquem as condições para que um jogo se inicie ou se conclua, este realizar-se-á ou completar-se-á no mesmo estádio, dentro das 30 horas seguintes, salvo se:

a) ambos os clubes acordem a respetiva realização ou conclusão em outra data, respeitados os limites referidos nos n.º 2 a 4 do artigo 42.º e o façam consignar no relatório de jogo;

b) qualquer um dos clubes em causa tiver de realizar um jogo oficial das competições da UEFA na semana seguinte, caso em que o jogo se realizará, ou completará, em data a estabelecer por acordo entre os clubes; na falta de acordo, a Liga Portugal decidirá a data e hora do jogo;

c) qualquer um dos clubes em causa tenha de dispensar algum dos seus jogadores para a respetiva seleção nacional, caso em que o jogo deve ser realizado ou completado em data a estabelecer por acordo entre os clubes; na falta de acordo, a Liga Portugal decidirá a data e a hora do jogo;

d) estiver em causa a segurança dos agentes desportivos ou espectadores, devidamente comprovada pelo comandante das Forças de Segurança;

e) em qualquer situação referida nas alíneas anteriores, a marcação do jogo adiado ou interrompido tem de respeitar os limites e os termos referidos nos n.º 2 e 3 do artigo 42.º.

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