Greve "agressiva" diz a ministra, mas número de cirurgias adiadas é "residual"

A greve dos enfermeiros dos blocos operatórios de cinco hospitais públicos começou a 22 de novembro e está previsto que dure um mês.
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A ministra da Saúde, Marta Temido, admite que a greve dos enfermeiros dos blocos operatórios é "uma situação que gera preocupação", mas considera-a "residual dentro do número de cirurgias que ocorre no Sistema Nacional de Saúde".

As declarações foram feitas aos jornalistas no final de uma reunião, no ministério, com os administradores dos cinco hospitais onde a greve está a decorrer. "O objetivo da reunião era acompanhar a evolução da situação e é evidente que estamos diante de uma situação que gera preocupação", referiu a ministra, reiterando contudo ser importante referir que "os doentes estão a ser intervencionados".

A ministra recusou entrar na "guerra de números", mas admitiu que em causa estão quatro mil cirurgias. "Serão quatro mil, no nosso apuramento", referiu. "É evidente que é um número significativo, mas é residual dentro do número de cirurgias que ocorre no Sistema Nacional de Saúde", acrescentou, falando numa greve "muito agressiva" num grupo específico de enfermeiros. Marta Temido alega que a adesão ronda, em média, os 6 ou 7%.

De acordo com Marta Temido, os sindicatos e os conselhos de administração têm conseguido articular e trabalhar na melhor defesa dos doentes, no que diz respeito a garantir os serviços mínimos.

"Vamos continuar a trabalhar no reagendamento dos doentes, preferencialmente para depois de 1 de janeiro", indicou, dizendo contudo que isso não significa que não vai continuar a trabalhar com as estruturas sindicais "para sair desta situação".

Greve inédita

Enfermeiros dos blocos operatórios de cinco hospitais públicos - Centro Hospitalar S. João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal - iniciaram a 22 de novembro uma greve de mais um mês às cirurgias programadas, que está a adiar milhares de operações.

A greve foi convocada por duas estruturas sindicais, embora inicialmente o protesto tenha partido de um movimento de enfermeiros que lançou um fundo aberto ao público que recolheu mais de 360 mil euros para compensar os colegas que aderirem à paralisação. O movimento denomina a paralisação como "greve cirúrgica".

Trata-se de uma greve considerada inédita em Portugal, devido à previsão da sua duração (mais de um mês) e à criação de um fundo de recolha de dinheiro para financiar os grevistas.

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