Um post no Twitter: "Acabei de aterrar na Portela, em Lisboa. É a última vez que vou entrar num país europeu como um cidadão da UE." Um post no Twitter foi o início desta entrevista com um convite feito em cima da hora, numa mensagem depois deste post, a Greg Williams. O diretor da revista Wired, versão britânica, estava em Lisboa para participar na conferência Building the Future, organizada pela Microsoft Portugal. Greg foi adepto do remain e tem ainda muitas dúvidas sobre o que irá acontecer nos próximos tempos. Em reserva fica o sonho, de certa forma europeísta, de viver em Portugal, terra da mãe da mulher - onde se sentirá sempre em casa (embora tenha pena de não conseguir falar português)..Quando chegou a Lisboa twittou que esta seria a sua última viagem ainda pertencendo à União Europeia. Como é que se sente um europeísta ferrenho com essa situação? É realmente estranho, porque sempre pensei em mim como europeu - continuo a pensar e acho que sempre pensarei -, mas todos nós teremos de passar por um período muito estranho de reajustamento, de perceber qual é a nossa relação com o resto do continente. Para muitas pessoas que votaram pela permanência, como eu, parece que as nossas vozes foram esquecidas. Se acreditarmos no que o governo diz, estamos a dirigir-nos para um acordo que vai significar que não estamos na união aduaneira, deixaremos de fazer parte do mercado único e vamos ter, provavelmente, uma relação muito diferente com os nossos parceiros..Nada está claro ainda. Há uma falta de clareza para as empresas neste momento, ainda ninguém sabe o que é que isto significa. Se não vamos ter um alinhamento próximo, as empresas precisam de saber. A maioria das pessoas, tal como eu, sentem que isto pode ter sido uma tática negocial, mas o slogan da campanha eleitoral era "Cumprir o Brexit" e saímos a 31 de janeiro. Isto é apenas o princípio. Será o princípio do fim, o princípio do princípio, o fim do princípio, quem sabe?.Quais serão as consequências para a área tecnológica? As pessoas irão olhar depreciativamente para o Reino Unido quando pensarem em fundar uma empresa? É uma boa pergunta. Temos um ecossistema bastante robusto, em particular em Londres, em Cambridge, em Edimburgo... A grande vantagem que temos é termos capital, muito capital. A maioria das sociedades de capital de risco estão sediadas em Londres ou têm um escritório lá, por isso há decididamente acesso ao capital. Houve a preocupação de não termos acesso ao Banco Europeu de Investimento - e penso que cerca de 30% das startups britânicas foram aí buscar o seu capital... O British Business Bank, sediado em Sheffield, tentou preencher essa lacuna... Portanto, há a questão de financiamento. Quem está em Londres não terá problemas. Temos de atrair os talentos locais e as pessoas talentosas continuarão a vir e a querer viver no Reino Unido. Temos um sistema universitário muito bom, o que significa que todos os talentos estão lá, por isso estou bastante otimista em relação às startups. O governo tem de desempenhar um papel crucial no capacitar os talentos no Reino Unido..Isso significa vistos, legalização de pessoas, não dificultar... Exatamente..Ainda não se sabe nada em relação a isso? Penso que ainda não está claro. Se olharmos para as startups que têm sido bem-sucedidas no Reino Unido, vemos que muitas delas são financiadas por estrangeiros, por europeus. As pessoas vêm para o Reino Unido para construir negócios. Não nos podemos pôr numa posição de mandar as pessoas embora por causa da sua nacionalidade, precisamos desse talento..E em relação ao estado de espírito, as pessoas sentem-se pouco confortáveis, já sente isso? Provavelmente, não em Londres... Não, em Londres não, mas decididamente sinto que vai ser necessário muito poder de persuasão por parte do Reino Unido para garantir que outras cidades atrativas, como Lisboa, Paris, Berlim, Estocolmo, não comecem a ir atrás dos talentos. Sei que o governo francês anda atrás dos empreendedores britânicos e a dizer-lhes para se instalarem em França. Leva-os a Paris e proporciona-lhes uma estada fantástica, mostra-lhes edifícios maravilhosos... A atmosfera tem de mudar, ainda está com uma influência negativa. Estou a tentar ser levemente otimista....Boris Johnson e soft power [poder de persuasão] não parecem ligar muito bem... [Risos] Talvez não seja o seu maior atributo... Mas acho que todo o Reino Unido, Londres em particular, é ainda um ótimo lugar para construir um negócio - acesso a capital, grandes universidades, impostos relativamente baixos, uma governança forte e o Estado de direito....Que parte de tudo é culpa da tecnologia? Até certo ponto pode-se dizer que a tecnologia tem um papel nisto, no sentido em que liga muita gente que sente que a tecnologia a deixou para trás, que ficaram sem os seus empregos, não conseguiram uma nova formação, uma reeducação... Mas também a tecnologia criou muitos empregos no Reino Unido. Portanto, é um pouco das duas coisas. Pode-se dizer que as redes sociais não desempenharam talvez um papel particularmente positivo, tornaram os debates muito divisivos, mas o meu sentimento no geral é que isto foi uma votação de muitas pessoas que se sentiram abandonadas e, parte disso, tem que ver com o facto de existir esta espécie de nova elite que, efetivamente, tira a riqueza de pequenas comunidades e a entrega a um número de pessoas relativamente pequeno em Silicon Valley. Acho que isso é, a longo prazo, insustentável..E o jornalismo, não esteve à altura das circunstâncias? Penso que os meios de comunicação são bastante parciais. No Reino Unido é bastante claro de que lado estão, por exemplo, os jornais. Penso que a BBC - que muita gente questiona - tem um trabalho difícil porque tem de tentar ser objetiva. Pessoalmente, não acredito necessariamente que tenha de se dar uma visão equilibrada, por exemplo, da negação das alterações climáticas - acho que não precisamos de representar os dois lados da discussão, como sempre nos foi dito. Penso que por vezes foram divulgadas muitas mentiras através das redes sociais, mas também pelos meios de comunicação tradicionais, e continuamos a ver isso hoje. Sabemos que a indignação cria cliques, os cliques criam lucros para as empresas de comunicação, por isso acho que o debate tem sido sobrecarregado, até certo ponto, pelo desejo de lucro das empresas de comunicação que precisam das redes sociais, dessa distribuição, para assegurarem que têm um futuro económico viável. As empresas de jornais britânicas queixam-se sempre da BBC porque é financiada pelos impostos dos contribuintes, mas isso pode vir a mudar... Todos nós vemos a BBC como uma daquelas instituições que são imperfeitas mas são amadas. Talvez isso tenha de mudar, talvez seja necessário encontrar novos modelos de financiamento..Falava sobre um mundo polarizado em que a maior parte dos jornais tomou partido e talvez seja preciso alguma coisa objetiva. Sim, houve bastantes organizações de verificação de factos que fizeram um trabalho muito bom, mas acho que ficou claro - tal como aconteceu nos EUA - que as pessoas procuravam basicamente uma confirmação daquilo que já pensavam, e isso limitou-se a exacerbar tudo. Penso que não houve realmente um verdadeiro debate, especialmente antes do referendo; acho que o lado que defendia a permanência ficou calado e plácido, eu incluído..Pensavam que isto não iria acontecer. Acho que foi um choque para muita gente..E se acontecer, que tudo corra bem? Entendo que há uma possibilidade muito forte..E é uma lição, também. Sim, concordo. Acho que é uma possibilidade muito forte. Há muita negatividade, mas pode acontecer que as coisas corram bem. Claro que o Reino Unido pode sofrer alguns danos reputacionais, talvez o nosso poder de persuasão [soft power] fique diminuído, o que não é uma coisa sem consequências nos tempos que correm. Mas, sim, há uma boa hipótese de tudo vir a correr bem..Falou muito contra o Facebook, escreveu muito sobre o assunto, escreveu coisas como: "É esta a internet que queremos?" O que é que pode ser feito? Essa é uma boa pergunta. Penso que a um nível individual vamos ter de perceber que todos estamos a ser monetizados e há pessoas que não se importam. Tenho uma filha que não está no Facebook mas que diz que não se importa de estar a ser monetizada até certo ponto, porque está a usufruir de um serviço. Para mim, a minha questão com o Facebook é o facto de eles estarem, de facto, a construir uma máquina de vigilância complexa....Também inclui a Google nisso ou é apenas o Facebook? A Google também tem as suas questões, mas a governança empresarial é melhor. Todas as semanas há um escândalo com o Facebook... Penso que eles têm de começar a resolver algumas questões como os conteúdos extremistas que têm....Porque é que acha que eles não o fazem? Bom, se ouvirmos Nick Clegg falar, ele diz que é uma coisa que têm muita vontade de fazer, porque não é uma coisa que queiram pessoalmente nem que eles desejem. Mas continua a haver muito ódio, particularmente contra as mulheres, as minorias étnicas, etc. Continua a haver um abuso enorme dessa plataforma por parte de maus atores, e eu simplesmente sinto que não está a ser feito o suficiente. Acho que eles têm de se perguntar sobre o seu papel no mundo moderno e também sobre o impacto que têm. Não tenho a certeza de que o estejam a fazer..Acha que eles tentam resolver essas questões, demonstram isso? Eles falam de abertura e do desejo de terem liberdade de expressão e da primeira emenda, mas, ao mesmo tempo, se tentarmos ter uma reunião com eles temos de assinar um acordo de confidencialidade, caso contrário nem sequer entramos no edifício... Também acho que há uma verdadeira falta de legisladores respeitáveis, de reguladores respeitáveis..Acha que é uma coisa que está do ADN dos rebeldes tecnológicos, libertários? Sim, acho que pode haver uma espécie de corrente libertária nos tipos de Silicon Valley, que acham que o governo se intromete, as regulações intrometem-se... Eles têm uma equipa de comunicação maior do que a sua redação - imagino eu -, maior do que a redação do The New York Times. Portanto, é nisto que eles gastam os seus recursos. Acho que eles têm de reconhecer o impacto que têm nas pessoas, na depressão adolescente, na democracia, nas nossas instituições cívicas....Nunca menciona a regulação. Margrethe Vestager, em Bruxelas, diz que vai começar a analisar o Facebook, o Instagram, o WhatsApp. Se tivermos a presidente Warren, talvez ela aja de alguma forma....Na Wired houve sempre a ideia de que a tecnologia é uma coisa boa, benigna. Penso que as pessoas estão realmente a começar a compreender o impacto que a tecnologia está a ter nas suas vidas, tanto de uma maneira positiva como negativa. Geralmente somos otimistas e tentamos escrever histórias positivas..Mas a Wired, quando começou, era realmente toda pró-tecnologia, a mostrar as coisas boas, os sonhos, o que se alcançou, etc. [Risos] Acreditamos totalmente nisso e acho que ainda há muito otimismo na equipa. Todas as formas em que usamos a tecnologia - cuidados de saúde, verificação de factos, as pessoas a construir negócios espantosos e a empregar muita gente - fazem que, na minha opinião, a tecnologia seja geralmente uma força do bem. Isso não quer dizer que não haja maus atores, como há em qualquer indústria. Penso que chegámos a um ponto em que há um pequeno número de empresas que têm uma quantidade enorme de poder e influência em praticamente todas as interações que temos, seja a fazer uma compra, a marcar uma consulta, a fazer uma pesquisa ou a usar um mapa. Acho que os reguladores, os governos, deviam começar a tratar dessas questões..Quais pensam que são as consequências desta tecnologia digital? Que tipo de mundo diferente temos agora? Temos um mundo em que é muito difícil ter privacidade, um mundo em que é muito difícil não estarmos constantemente ligados. Não acho que isso seja necessariamente uma coisa boa, quando vejo pessoas a jantar e a olhar para os seus telefones, penso que isso não é uma coisa boa. Talvez a próxima geração tenha uma melhor relação com a tecnologia. Mas dito isto, olhe para todas as coisas espantosas que aconteceram por causa da tecnologia!.Daquilo que sabe, pelo que tem visto por todo o mundo, quais são os bons exemplos? Se houver um grande compromisso por parte das grandes organizações, vai haver um enorme afastamento dos combustíveis fósseis, devido às novas formas de tecnologia que nos permitirão armazenar energia de maneiras diferentes. Acho que essa vai ser a maior mudança que vamos ver nos próximos anos, e isso é um resultado direto tanto da indústria privada, das startups, como também do investimento governamental. Muitas pessoas das tecnologias pensam muitas vezes que o governo é uma coisa má, mas, na verdade, o governo é um enorme investidor em tecnologia, em laboratórios de pesquisa, em universidades que funcionam com fundos estatais..Em Portugal são cerca de 80%. Sim. Não vamos entrar neste género de mito à Silicon Valley do génio da startup que faz tudo sozinha, essa empresa foi construída usando tecnologia que, provavelmente, foi inventada pela NASA devido ao programa espacial. O Estado tem um papel enorme a desempenhar e é muito subestimado. Em relação às coisas boas, temos uma enorme, que são os cuidados de saúde. Publicámos uma história, há uns anos, a propósito de um oftalmologista de um dos maiores hospitais escolares de Londres. Ele entrou em contacto com uma empresa e esta começou a criar técnicas de imagem em que não é necessário passar tanto tempo a olhar para imagens e pode-se estar mais tempo com os doentes. Há outras áreas que estão a estudar coisas como o enovelamento de proteínas, que pode ter uma aplicação imensa em doenças como o cancro, por exemplo. Portanto, penso que os impostos estão a ser aplicados aí de formas muito interessantes. Permite a muita gente criar empresas e pensar no tipo de mundo que querem criar em termos da sua própria liberdade económica. Fizemos uma conferência sobre segurança, energia e comércio e tem havido sempre pessoas a querer criar negócios ao longo dos últimos cinco anos..Muitos dos serviços que usamos têm menos de dez anos de existência e são grandes adições nas nossas vidas. Como é que o digital mudou o mundo empresarial? Acho que teve impacto nos negócios criando muito mais eficiência, criando muito mais oportunidades. Teve impacto praticamente em todas as indústrias de uma forma bastante desafiadora. Penso que não houve uma única indústria que não tenha sentido o impacto da tecnologia. Basta olhar para a comunicação social, que criou uma série de novas plataformas. Na minha opinião, muitas empresas que estavam possivelmente sob ameaça recomeçaram por terem abraçado a tecnologia e terem pensado como iriam envolver-se com as novas audiências. Há títulos, como o The Financial Times, a The Economist ou o The New York Times, que estão florescentes, estão bastante bem, e a Wired também, obviamente..Gostava de saber como é que a Wired sentiu o impacto e como é que abraçou esse desafio, desde que assumiu o lugar há três anos? Quando assumi o lugar de diretor, já tínhamos percebido que havia uma verdadeira oportunidade para tentarmos alcançar os leitores de diferentes maneiras. O que fizermos ao longo destes últimos três anos foi construir em cima dessa proposta. Através de eventos empresariais, consultadoria empresarial, empresas afiliadas; temos agora um quadro de empregos, de empregos tecnológicos; vídeos, podcasts e esse tipo de coisas. Se há três anos tivesse listado todas estas coisas teria ficado um pouco aterrorizado e sem saber como é que iríamos fazer isto, mas, na verdade, tornou-se bastante orgânico, como algo que parece natural, tentamos atingir as audiências onde quer que elas estejam. Penso que as pessoas que compram a nossa revista podem ser um pouco diferentes daquelas que leem outras coisas. As pessoas consomem os conteúdos nos telemóveis, nos computadores, nas revistas, às vezes vão a um evento ao vivo, a uma sessão de perguntas e respostas com um autor....Na verdade, é uma estratégia de crescimento. A única coisa a fazer é crescer e aproximar-se das audiências. Também tivemos sorte por o mundo se aproximar de nós..Mas são uma empresa vertical e isso ajuda. Sim, é verdade. Há uns anos a tecnologia era vista como uma coisa para geeks, para nerds, agora é uma coisa comum, está na política, na medicina, na energia, em todos os aspetos das nossas vidas. Portanto, tivemos bastante sorte nesse sentido de o mundo se movimentar na nossa direção. Soubemos aproveitar a oportunidade e conseguimos o investimento e a parte comercial ficou entusiasmada com a nossa proposta. É um bom sentimento..Estamos a começar uma nova década - 2020 -, quais serão as principais mudanças no mundo, na tecnologia? Penso que vamos ver a descarbonização das nossas economias - quanto mais cedo acontecer, melhor -, vai haver economias atrasadas e tenho receio de que haja políticos e organizações que tentem atrasar o processo. Vamos ver a aprendizagem automática e a inteligência artificial aplicadas de maneiras que ainda não conseguimos imaginar agora. Vamos ver o crescimento da automação em várias áreas e penso que isso irá ajudar; penso que vamos ver mudanças bastante significativas e novos tipos de empregos por causa disso. Vamos ver a deslocação de pessoas que, infelizmente, perdem os seus empregos em certas áreas..E esses novos empregos serão criados em que áreas? Para ser honesto, acho que é difícil dizer..Porque a pergunta fácil seria o digital, o tecnológico, a inteligência artificial, mas não tenho a certeza quanto a isso. Há capacidades que serão sempre necessárias em coisas como os cuidados, a saúde, a educação, o ensino. Essas são áreas que eu penso que vão crescer. Entendo também que vamos criar uma economia à volta da formação das pessoas e da aprendizagem de novas capacidades, porque vai ser obrigatório. Portanto, acho que o ensino vai ser uma área interessante..Houve uma apresentação nesta manhã sobre inteligência artificial e inteligência aumentada...Vi um slide que dizia que as empresas que introduzissem robôs, na verdade teriam mais empregos do que as outras. É verdade. Vamos ser aumentados, não substituídos. Vai ser essa a relação entre nós e as máquinas. São boas notícias. Vai ser desafiador, mas todos os anos são desafiantes. Estamos nesta enorme transformação. Regressando à pergunta anterior sobre o impacto nas empresas e ao facto de nos termos saído bastante bem, penso que uma maneira de olhar para o assunto é olharmos para as empresas de maior sucesso no mundo neste momento - as empresas de software - e olharmos para as de há 20 anos - a Exxon, a AT&T, Ford, General Motors - e ainda para as de 20 anos antes destas, que seriam a Ford, a General Motors, a Exxon. Vemos que mudámos enormemente nos últimos 20 anos. Durante 60 ou 70 anos as mesmas empresas dominaram o mundo e eram basicamente indústrias; o que nós vimos, durante a nossa vida, foi uma mudança imensa para empresas tecnológicas. Portanto, acho que este tipo de transformação por que estamos a passar, todas as organizações estão a passar por ela neste momento, e é tão desafiador porque significa que temos de mudar a forma como fazemos negócio, temos de repensar muita coisa mas, ao mesmo tempo, acho que é uma enorme oportunidade..E é ainda uma oportunidade para países pequenos como Portugal também? Claro. Basta ver o que aconteceu aqui nos últimos cinco anos, apenas com o crescimento da cultura da startup, com o facto de pessoas de todo o mundo virem para cá, não só para Lisboa, mas também para Porto, Braga, Coimbra, lugares com boas e fortes universidades, bons estabelecimentos de ensino, empresas boas e robustas. Portugal tem um lugar à mesa porque tem história na inovação. Toda a gente em Portugal diz sempre "somos um país pequeno", mas basta pensar no impacto que Portugal teve no mundo ao longo da história. Penso que deviam ter um pouco mais de confiança e acreditar que há um futuro verdadeiramente brilhante aqui, porque eu penso que há. Às vezes, os países pequenos podem ter um verdadeiro impacto no mundo. Por exemplo, a Suécia tem mais startups milionárias per capita do que os EUA. Pode-se ter uma população pequena, mas pode-se ter na mesma um impacto enorme e construir empresas importantes. Há muitas startups em Portugal que agora são negócios globais. Já não acredito que o mundo é plano, porque acredito que a geografia é importante, mas acredito que se pode ser um país relativamente pequeno.