Gradiva reedita toda a série de BD Calvin & Hobbes
A decisão surge na semana em que o autor norte-americano, de 56 anos, venceu o grande prémio do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em França.
Os 17 álbuns que a Gradiva editou desde 1992, alguns já esgotados no mercado português, serão reeditados a partir deste mês, a começar por "O Essencial de Calvin & Hobbes".
Bill Watterson é o autor de uma das mais acarinhadas tiras de banda desenhada, protagonizada por um temperamental rapaz de seis anos chamado Calvin e por um tigre de peluche, Hobbes, inseparável companheiro de aventuras, ambos batizados com os apelidos do teólogo John Calvin e do filósofo Thomas Hobbes.
As tiras de banda desenhada foram publicadas entre 1985 e 1995 em centenas de jornais de todo o mundo - incluindo o jornal Público e atualmente no Correio da Manhã - e reunidas em vários álbuns, traduzidos em 40 línguas e com cerca de trinta milhões de exemplares vendidos.
Em 1995, quando as tiras gozavam de grande popularidade, Bill Watterson revelou que deixaria de as desenhar e passaria a dedicar-se à família e à pintura.
Passados quase vinte anos, mantém-se o culto em torno das personagens e dos livros, alimentado também pela discrição e quase reclusão de Bill Watterson das páginas da imprensa internacional, a quem deu escassas entrevistas durante todo este tempo.
Uma dessas raras entrevistas aconteceu no ano passado, à revista norte-americana Mental Floss, na qual Bill Watterson afirmou não tinha grandes ambições em relação à pintura, mas reconheceu que não sabe como lidar com o nível de atenção e com as expectativas geradas com o sucesso de Calvin & Hobbes.
Em 2010, na primeira entrevista depois de ter anunciado a reforma, Bill Watterson disse ao jornal de Cleveland que nunca se arrependeu de ter deixado de desenhar Calvin e Hobbes.
"Se me tivesse deixado levar pela popularidade das tiras e me repetisse por mais cinco, dez ou vinte anos, as pessoas que estão agora tristes com 'Calvin & Hobbes' se calhar desejavam a minha morte e amaldiçoavam os jornais por publicarem tiras aborrecidas e antigas como as minhas", referiu o autor.
"Estou muito orgulhoso pelas tiras, extremamente agradecido pelo seu sucesso e genuinamente lisonjeado que as pessoas ainda as leiam, mas eu escrevi 'Calvin & Hobbes' nos meus trinta [anos] e já estou a milhas disso", rematou.
No ano passado, a vida de Bill Watterson e a série de banda desenhada foram registadas no documentário "Dear Mr. Watterson", de Joel Allen Schroeder, mas sem a participação do autor.
Segundo o realizador, o filme demonstra o amor e admiração de fãs e autores de banda desenhada por aquelas duas personagens.
Por ter ganhado o grande prémio de Angoulême, Bill Watterson deverá estar em destaque no festival francês em 2015, ano em que se assinalam as três décadas de estreia de Calvin & Hobbes. Resta saber se o autor estará presente.