"Sempre fui a mais louca e a mais independente. Sempre fiz o que me deu na real gana." A voz é de Graça Lobo mas quem fala assim é Olga, a personagem de As Três Irmãs. Ou será que é mesmo a atriz a dizê-lo? "Sempre fui a madame Bovary do teatro português. Há quem tenha medo da liberdade mas eu não", continua ela e a dúvida adensa-se. Mas é isso exatamente que se pretende. O espetáculo As Três (Velhas) Irmãs é uma adaptação da peça de Tchekov que mistura o texto original com a biografia e as memórias das atrizes Graça Lobo, Mariema e Paula Só. "As memórias das atrizes e das personagens confundem-se. Há momentos perfeitamente óbvios, em que sabemos que as atrizes estão a falar delas, mas há outros que não são assim tão óbvios", explica Martim Pedroso, autor do texto e encenador..Pedroso queria trabalhar sobre a ideia do envelhecimento dos artistas e lembrou-se imediatamente de usar o texto de As Três Irmãs. "É um texto que diz tudo e que continua a ser atual. E que se cola muito bem com a ideia do ator que está a envelhecer mas quer continuar a trabalhar, continuar a amar, continuar a não deixar de viver", conta Martim Pedroso. "Se há algo que nos diferencia, a nós, artistas, é isto de fazermos o nosso trabalho com amor e por amor. O artista empresta a vida ao trabalho e vice-versa, e só assim é que faz sentido. Para mim esta peça simboliza esse amor e esse querer continuar." Continuar. Ir para Moscovo. Ou para Londres, ou para o Dubai. O importante é continuar a sonhar..Leia mais na edição impressa ou no e-paper do DN