Em comunicado, o Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) sublinha a "falta de clareza" dos valores do impacto apresentados pelo Governo, que não explicou "de onde vêm, como foram calculados e a que critérios obedeceram" e diz que cabe ao PCP e ao BE repor a justiça neste processo "com a sua votação no parlamento"..O parlamento aprovou na quinta-feira, na especialidade, uma alteração ao decreto do Governo, com os votos contra do PS e o apoio de todas as outras forças políticas, estipulando que o tempo de serviço a recuperar pelos professores são os nove anos, quatro meses e dois dias reivindicados pelos sindicatos..Não ficou estabelecido qualquer calendário de recuperação do tempo de serviço, com os deputados a rejeitarem as propostas do PCP e Bloco de Esquerda nesse sentido, mas foi aprovado, ainda assim, que os dois anos, nove meses e 18 dias devem ser recuperados com efeitos a janeiro de 2019..Depois desta decisão, o primeiro-ministro anunciou na sexta-feira que se demitirá caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global no parlamento..O SIPE recorda que o que a Comissão de educação aprovou na verdade foi o tempo de descongelamento previsto pelo Orçamento do Estado de 2018 (dois anos, nove meses e 18 dias), "tendo sido deixado para sede de negociação os restantes seis anos e meio".."O impacto financeiro correspondente à recuperação deste período poderia ser diluído através do tempo ou de outras formas, como a aposentação", sublinha o SIPE..O sindicato destaca ainda as posições assumidas no fim de semana pelo PSD e CDS, que "dão conta "de um recuo na intenção de voto na recuperação integral do tempo de serviço congelado aos professores, caso não seja assegurada uma salvaguarda financeira"..Diz que, ao rejeitar a votação da comissão parlamentar de Educação o Governo está "a rejeitar qualquer possibilidade de negociar a recuperação da totalidade do tempo de serviço congelado aos professores, mesmo sendo-lhe dada a possibilidade de escolha do modo de o fazer e quando o fazer".."Esta posição de intransigência do Governo tem sido uma constante, uma vez que ao longo de todo o período de negociações levado a cabo não analisou nem comentou as propostas que lhe foram feitas pelos sindicatos, e impôs uma decisão sua", considera..O SIPE considera "lamentável" que o Governo "tenha encenado todo este número de vitimização com o objetivo de denegrir a imagem dos professores, atirando culpas para a oposição".."Caso haja lugar à votação da negociação da contagem integral do tempo de serviço congelado aos professores, considerando uma salvaguarda financeira como defendem CDS e PSD, e caso ainda assim o PS vote contra, teremos a confirmação de que tudo não passou de uma encenação e que, de facto, nunca houve intenção de negociar de forma séria com os professores", acrescenta.