Governo vai reconduzir o diretor nacional da PSP Magina da Silva
A comissão de serviço do atual Diretor Nacional da PSP, Superintendente Chefe Magina da Silva, vai ser renovada e essa decisão será oficializada muito em breve, sabe o DN.
Fonte governamental sublinhou que na base desta decisão está a necessidade de manter "a estabilidade na estrutura diretiva da PSP quando já está a ser preparada a organização de um dos eventos de maior dimensão de sempre em Portugal, a Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco, e o facto de esta ser considerada como o maior desafio de segurança que o país já enfrentou".
Magina da Silva tomou posse em 29 de janeiro de 2020 e a sua comissão de serviço terminaria no final da semana. A sua recondução sucede numa altura crítica do recrutamento para a PSP, com um nível histórico de candidatos que nem chegam para preencher a vagas.
Defendeu, em entrevista que tinha entregado à tutela um plano para o fecho de muitas esquadras em Lisboa, mas logo a seguir o ministro da Administração Interna veio dizer que tal medida só seria feita em diálogo com os autarcas.
Nestes três anos, conforme o DN já noticiou, foi acumulando polémicas e incómodos ao governo ao ponto de, a meio do ano passado, ter entrado em rota de colisão com vários oficiais de topo e em total rutura com os sindicatos.
"O diretor nacional isolou-se no alto do seu poder, deixou de ouvir e aceitar opiniões diferentes da sua e não percebeu o quanto a sua liderança está a arruinar a PSP. Entrou em autismo total. O seu Estado-Maior não funciona, não se falam entre eles. Quebrou totalmente a coesão do efetivo, não só entre oficiais e bases, como entre os próprios oficiais. Ninguém abre a boca nas reuniões de comandos porque não vale a pena. Impõe os seus pontos de vista e rapidamente diz "ponto final!" e isso quer dizer que nem vale a pena contrapor. Temos um barril e pólvora na PSP e está de tal forma que ninguém sabe quanto mais de aguenta. Se nada acontecer em breve, há o risco de debandada de muitos oficiais para a pré-aposentação. Estes 3 anos revelaram um claro erro de casting", desabafava ao DN um superintendente em junho de 2022.
O presidente da Associação Sindical de Profissionais de Polícia, sindicato que protestou contra o diretor nacional, resumiu muito do sentimento de desilusão que domina.
"A PSP tem problemas estruturais que se agudizaram nos últimos anos. Este diretor nacional criou boas expectativas, era um homem da casa, da Unidade Especial de Polícia (UEP), respeitado pela generalidade dos profissionais. Apesar de haver uma boa parte de responsabilidade política pela situação atual -- cada vez a PSP tem menos candidatos, cada vez há mais exigências de trabalho nunca compensadas, o serviço cada vez tem maior complexidade, o reforço no SEF com polícias low cost da PSP, uso e abuso da disponibilidade permanente estatutariamente prevista e os polícias a serem carne para todo o canhão -- a verdade é que não tem tido capacidade de influência junto do Governo. Não tem capacidade política, nem de gestão para mudar o estado das coisas", assinalava Paulo Jorge Santos.
Recém-chegado na altura ao Ministério da Administração Interna, José Luís Carneiro, foi olhado pela PSP como uma derradeira esperança para o substituir e dar um novo fôlego a esta força de segurança crucial na proteção de todos e de onde transpirava tanta desilusão e descontentamento.
Contudo, depois de ouvir vários dirigentes, não mostrou essa intenção e a recondução de Magina da Silva era há vários meses esperada.
Magina da Silva é licenciado em Ciências Policiais pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI) e concluiu os cursos de operações especiais, de direção e estratégia policial e de auditor de defesa nacional.
Enquanto Comandante da Unidade Especial de Polícia, entre maio de 2008 e fevereiro de 2012, participou no planeamento e no comando de diversas operações policiais complexas e de elevado risco, ocorridas em território nacional, nomeadamente as relacionadas com a realização da Cimeira Ibero-Americana (novembro de 2009), a visita do Papa Bento XVI (maio de 2010) e a realização da cimeira da NATO (novembro de 2010).