No próximo ano o governo vai investir um total de 781 milhões de euros na ferrovia nacional. O Executivo admite que este valor atinge "níveis de investimento sem precedentes, que contribuirão para a capacitação e consolidação deste modo de mobilidade ambientalmente sustentável em todos os corredores que integram a Rede Ferroviária Nacional, prevendo-se uma execução superior em 132% em 2023". Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023), há quatro grandes investimentos em cima da mesa..O Corredor Internacional Sul tem uma dotação alocada de 234 milhões de euros em 2023. Segundo o documento, está prevista a intervenção em mais de 170 quilómetros de via, incluindo a nova linha entre Évora e a linha do Leste - destacando-se a execução da empreitada de via e catenária entre Évora e Elvas/Fronteira em 2023 -, a modernização da linha de Vendas Novas e a intervenção na linha de Sines - prosseguindo-se a execução do projeto entre Ermidas do Sado e Sines. O segundo investimento, que visa a modernização da Linha da Beira Alta, nomeadamente entre Santa Comba Dão e a Guarda, está orçada em 261 milhões de euros. Já para as linhas do Minho e do Norte está previsto um investimento de 133 milhões de euros no próximo ano. Por fim, a última fatia do investimento global, 153 milhões de euros, será destinada à modernização de linhas como Sintra ou Algarve, contemplando ainda as intervenções transversais de melhoria das condições de segurança, com a eliminação de passagens de nível e instalação de sinalização eletrónica..Contas feitas, o Estado prevê um aumento do investimento público em 36,9% no próximo ano, face a 2022, para 8618 milhões de euros, assumindo um peso de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O Executivo destaca que o "o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) vem reforçar o papel crucial do investimento público, estando ancorado na Estratégia Portugal 2030 e visando a concretização de um conjunto de investimentos que promovam a especialização da economia portuguesa, a convergência com a União Europeia e a aceleração da transição digital e climática"..Também o investimento estruturante contará com uma verba de 2262 milhões de euros. No capítulo dos transportes destaca-se a expansão das redes do metro de Lisboa, do Porto e do Mondego, que prevê uma dotação de 653 milhões milhões de euros. Já a aquisição de material circulante para as empresas públicas de transportes representará um investimento 228 milhões de euros, que inclui a compra de 139 comboios para a CP. O metro de Lisboa verá a frota crescer 20% e a Transtejo contará com 10 novos navios. Para a rodovia o OE 2023 destina 43 milhões de euros e para a habitação a dotação ascende aos 490 milhões de euros. CP compra 12 comboios de alta velocidade.No próximo ano, a CP vai ainda avançar com o concurso para a compra de 12 comboios de alta velocidade, num investimento total estimado de 336 milhões de euros. Os comboios destinam-se a servir a Linha de Alta Velocidade que ligará o Porto e Lisboa. A compra será realizada com capitais próprios da CP. Na lista de metas está ainda a adjudicação do concurso lançado em 2021 para a compra de 117 comboios (62 automotoras elétricas para os serviços urbanos e 55 para os serviços regionais), orçamentado em 829 milhões de euros e financiado pelo Fundo Ambiental e por fundos europeus. O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, tinha já referido recentemente que a conclusão daquela que intitulou como "a maior aquisição de comboios de toda a história da CP" só estaria fechada no início de fevereiro de 2023 e não durante este ano, conforme estava previsto, devido à falta de stock de comboios em stand. O Orçamento do Estado para 2023 adianta ainda que no próximo ano entra em execução o contrato estabelecido entre a CP e a Stadler Rail - aprovado pelo governo em setembro de 2018 - para o fornecimento de 22 automotoras para o serviço regional - 12 unidades híbridas e 10 unidades elétricas -, que custarão 158,14 milhões de euros..Rute Simão é jornalista do Dinheiro Vivo