O governo da Islândia procura evitar eleições antecipadas ao escolher um substituto para o primeiro-ministro, que se demitiu após ter sido implicado no escândalo dos Papéis do Panamá. Sigmundur David Gunnlaugsson demitiu-se na terça-feira após os documentos pirateados de uma firma de advogados panamiana terem mostrado que a sua mulher tinha milhões de dólares em ações numa empresa offshore que era acionista dos bancos islandeses falidos..Escolher um novo primeiro-ministro pode permitir à coligação de partidos que governa a Islândia permaneça no poder, mas os partidos de oposição estão a tentar forçar eleições antecipadas através de uma moção de censura ao governo, o que poderá levar a uma mudança política radical no país..O líder parlamentar do partido do governo, Sigurdur Ingi Johansson, disse esta quarta-feira que o seu partido tinha proposto ao parceiro de coligação que Johansson se tornasse primeiro-ministro. Um comunicado enviado às redações internacionais na terça-feira à noite dizia que Gunlaugsson sugeriu que Johansson se tornasse primeiro-ministro "por uma quantidade de tempo não especificada", que o primeiro-ministro não se tinha demitido..Os islandeses, que já se tinham fartado da elite financeira e política após uma crise bancária em 2008 que arruinou a economia do país, devem regressar às ruas esta quarta-feira para se manifestarem contra Gunnlaugsson. No início desta semana, milhares saíram à rua e atiraram iogurte e ovos ao Parlamento. "Parece que estou a ver uma versão ao vivo do House of Cards", disse à agência Reuters a manifestante Erla Gisladottir, de 32 anos..Se houver eleições antecipadas, o subversivo Partido Pirata está à frente nas sondagens, um resultado que poderá ter impacto no resto da Europa onde os partidos populistas ganham expressão..O que dizem os Papéis do Panamá sobre Gunnlaugsson? .Os Papéis do Panamá, uma enorme quantidade de documentos que foram pirateados da firma de advogados Mossack Fonseca e analisados por jornalistas do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, mostraram que a mulher do primeiro-ministro Gunnlaugsson era a detentora de uma empresa offshore com milhões de dólares investidos nos bancos islandeses que faliram em 2008. A oposição afirma que se trata de um conflito de interesses, visto que as ações dos bancos falidos são negociadas em parte pelo governo..O colapso de vários bancos na Islândia em 2008 levou vários banqueiros à prisão e fez cair o governo de então.