O Ministério da Saúde está a estudar a possibilidade de as farmácias poderem administrar algumas vacinas do Plano Nacional de Vacinação (PNV) avança hoje o Jornal de Notícias. A decisão, no entanto, não está ainda tomada, nem estarão ainda definidas que vacinas poderiam entrar neste plano. O Bloco de Esquerda, entretanto, já se manifestou contra esta possibilidade e quer esclarecimentos por parte do governo. A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu um comunicado onde não faz referência à possibilidade de as farmácias poderem vir a dar vacinas. Já a Ordem dos Enfermeiros diz ter contactado o Ministério da Saúde que terá garantido que esta não é hipótese..Segundo o JN, que cita o Infarmed, a ideia seria complementar desta forma a oferta dos centros de saúde, aproveitando a rede de farmácias no país para chegar a mais utentes..Questionada pelo JN, a Associação Nacional de Farmácias (ANF) negou a existência de negociações nesse sentido. Ao DN a associação afirmou que não recebeu nenhuma proposta..Num comunicado hoje divulgado, o BE afirma que teve conhecimento de que o Ministério da Saúde está a equacionar a transferência da competência de aquisição, distribuição e administração de vacinas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o sistema de saúde, que engloba também o setor privado..Segundo o plano previsto, a distribuição de vacinas será entregue à Associação Nacional das Farmácias (ANF), do grupo Alliance Healthcare, passando as farmácias a constituir locais de administração e dispensa de vacinas..Além disto, preveem-se também alterações na logística e gestão da aquisição e financiamento das vacinas, centralizando-se estas competências nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, refere o BE no comunicado..Para os bloquistas, esta medida é "muito preocupante, uma vez que tornará alheias ao SNS as competências que permitem hoje a garantia do sucesso do sistema público de vacinação (através da generalização e gratuidade do PNV) ou do controlo de eventuais casos epidémicos", como o recente do surto de Hepatite A.."Além disso, não se compreende quais as vantagens para o interesse público de tal medida, nem a sua possível justificação, a não ser o intento de enfraquecer o SNS, por via da entrega dos seus serviços ou, neste caso, competências fundamentais ao setor privado de saúde", acrescentam..Perante a atual discussão em torno da importância da vacinação das crianças e jovens, a propósito dos recentes casos registados de sarampo, o BE defende que esta situação "tem de ser clarificada e, a comprovar-se, revertida"..Nesse sentido, já questionou o Governo sobre se está "a pensar alterar o atual sistema de financiamento, aquisição e distribuição de vacinas, transferindo-o do SNS para outras entidades, como a ANF"..Em caso afirmativo, "o Governo pondera também alterar o modo como está hoje implementado o cumprimento do Plano Nacional de Vacinação? A garantia do seu cumprimento, abrangência, generalização e gratuitidade serão asseguradas de que forma?", questiona ainda..O BE salienta "o sucesso manifestamente reconhecido" do Programa Nacional de Vacinação", criado em 1965, que constituiu "um marco histórico importantíssimo na promoção da saúde pública, tendo contribuído de forma decisiva para a redução da mortalidade em Portugal, em especial da mortalidade infantil, e o aumento da qualidade e esperança média de vida"..A Ordem dos Enfermeiros também enviou um comunicado onde adianta que questionou o Ministério da Saúde sobre as farmácias poderem vir a dar vacinas do PNV, possibilidade que foi negada. "O ministro da Saúde negou veemente a notícia de que o Governo estaria a estudar ou a negociar a possibilidade de as farmácias poderem vir a administrar vacinas que integram o Plano Nacional de Vacinação", refere o comunicado..A Ordem "desconhece qualquer proposta ou negociação neste sentido e reforça que o sucesso da implementação do PNV resulta directamente do enorme trabalho e dedicação dos enfermeiros portugueses"..A DGS também já reagiu: "No seguimento de notícias hoje divulgadas, a Direção-Geral da Saúde esclarece que o Programa Nacional de Vacinação (PNV) é um dos mais efetivos instrumentos de Saúde Pública, que se pauta por elevados padrões de rigor e de qualidade, cujo sucesso se deve, entre outros fatores, ao facto de estar fortemente ancorado no Serviço Nacional de Saúde".."Atualmente, o Ministério da Saúde está a desenvolver um novo modelo de governação para maximizar a eficiência do Programa e que implica a aquisição centralizada de vacinas, estando a ser estudadas novas formas de distribuição, e ainda um sistema complexo de informação baseado num registo central de vacinas que permite conhecer em cada momento, a nível nacional, a história vacinal da pessoa, gerir stocks e monitorizar e avaliar o processo e o impacto do Programa", acrescenta ainda a DGS, nunca referindo a possibilidade de as farmácias fazerem vacinação do PNV..Notícia atualizada às 13.15