Patrões e Sindicatos falaram a uma só voz ao defenderem uma aposta na formação profissional dos trabalhadores no ativo..De acordo com o presidente da CIP - Confederação da Indústria de Portugal, António Saraiva, o conteúdo do documento hoje apresentado pelo Governo "vai merecer uma análise crítica [por parte da CIP], em particular, no eixo que se refere " formação profissional".."O Governo não pode confundir educação profissional com formação profissional", criticou o presidente da confederação patronal, segundo o qual "as verbas para a formação de ativos foram, aparentemente, abandonadas pelo Executivo..António Saraiva frisou ainda que "são as empresas que sabem o que precisam e não, o Governo, ou seja, são as empresas que conhecem as suas necessidades", não podendo ser o Executivo a decidir a quem deve ser ministrada a formação..Também o presidente da Confederação do Comércio e Serviços (CCP), João Vieira Lopes, criticou o facto de o Governo direcionar para o ensino profissional verbas que estavam, até à proposta enviada para Bruxelas, direcionadas para a formação de trabalhadores no ativo.."Não é positivo o facto de grande parte do que é afeto à formação ir apoiar o custo das estruturas do Estado", afirmou..Referiu ainda que "esta deslocação maciça de fundos comunitários vai servir para ajudar os ministérios".."É mais importante a formação de ativos do que, propriamente, o aumento do número de horas de trabalho..Já Arménio Carlos, da CGTP, acusou o Governo de estar a promover "um processo negocial de faz de conta", na medida em que "a reprogramação do QREN está direcionada para o financiamento das empresas, sem contrapartidas" e defendeu, por isso, "uma outra reprogramação do QREN voltada para a produção nacional"..Também João Proença, da UGT, classificou de "fundamental a aposta na formação profissional" e condenou o "desinvestimento que se tem vindo a verificar na formação dos ativos".."Discordamos do documento apresentado em Bruxelas, que desvaloriza a formação profissional. Trata-se de uma reforma que se traduz na deslocação do dinheiro do QREN para o setor privado", rematou João Proença..Questionado pelos jornalistas sobre as críticas apontadas por patrões e sindicatos, o ministro da Economia e do Emprego foi parco em palavras e escusou-se a responder às questões colocadas..Referiu apenas que o Governo está "apostado" em cumprir, até ao final do ano, a meta de 60 por cento de grau de execução do QREN..Desde as 09:00 da manhã, Governo e sindicatos discutiram a proposta governamental de reprogramação do QREN, em particular, os 6,5 milhões de euros alocados ao Programa Operacional Potencial Humano (POPH)..A proposta de reprogramação dos fundos comunitários, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional, foi apresentada pelo Governo à Comissão Europeia em julho, alterando assim as prioridades de financiamento da formação profissional..A mudança mais significativa incide sobre o Programa Operacional Potencial Humano (POPH), que tem alocados 6,5 milhões de euros, e que passa pelo corte de 564 milhões de euros ao eixo da "adaptabilidade e aprendizagem ao longo da vida", segundo a proposta do Executivo enviada na segunda-feira aos parceiros sociais e hoje discutida na reunião..De salientar que entre os programas que mais beneficiam da transferência de verbas dos fundos comunitários está o referente à "formação avançada", sob a alçada do Ensino Superior, com um acréscimo de 200 milhões de euros..Caso a proposta do Governo seja aceite em Bruxelas, uma decisão que só deverá ser conhecida em outubro, à "qualificação inicial" estão destinados cerca de 2 milhões de euros, enquanto o eixo "aprendizagem ao longo da vida" poderá contar com 1,5 milhões de euros..Na vertente da "gestão e aperfeiçoamento profissional", o Executivo pretende atribuir 351 mil euros e na "formação avançada" 921 mil euros..O "apoio ao empreendedorismo" conta com 519 mil euros e, por fim, o eixo "cidadania e inclusão" levará 643 mil euros.