O governo britânico rejeitou uma petição a pedir a revogação do Brexit, assinada por mais de 5,8 milhões de pessoas, com o argumento de que um recuo na saída do Reino Unido da União Europeia (UE), aprovada em referendo em junho de 2016, provocaria graves danos na confiança dos eleitores e na democracia britânica. Com esta decisão, a petição não vai chegar a ser discutida pelo executivo liderado por Theresa May. Mas vai chegar ao Parlamento, onde será discutida pelos deputados a 1 de abril. E com o "estatuto" de petição com o maior número de assinaturas de sempre, muito acima das 100 mil que são necessárias para obrigar à discussão pelos deputados..A petição defende que o Reino Unido deve comunicar à União Europeia que retira a carta em que solicitou a ativação do artigo 50, que permite aos Estados-membros iniciar o processo para deixar a UE. O artigo 50 do Tratado de Lisboa prevê a possibilidade de qualquer Estado sair de forma voluntária da União..Um pedido que, avança o The Guardian , é rejeitado na resposta oficial do governo à petição: "Mantém-se como firme política do governo não revogar o artigo 50. Vamos honrar o resultado do referendo de 2016 e trabalhar numa saída que beneficie todos, quer tenham votado para sair ou para permanecer [na UE]". "Revogar o artigo 50, dessa forma permanecendo na União Europeia, iria minar a nossa democracia e a confiança que milhões de votantes depositaram no governo", refere o texto da resposta do governo..Admitindo o "considerável número" de pessoas que assinou a petição, o executivo lembra, no entanto, que antes do referendo de 2016 enviou uma carta a todos os britânicos, garantindo que o resultado da consulta popular seria implementado. "17,4 milhões de pessoas votaram para sair da União Europeia, no maior mandato democrático alguma vez dado a um governo", diz ainda o texto, citando palavras de Theresa May, que já disse que recuar no Brexit causaria "danos irreparáveis" na confiança dos cidadãos britânicos nas instituições..A petição vai ser discutida pelos deputados britânicos, numa sessão (que não decorre na Câmara dos Comuns, mas numa câmara secundária) que terá de contar com a presença de um membro do governo. Tal como acontece em Portugal, as petições não são votadas e não têm valor legislativo próprio, não dando só por si origem a qualquer decisão. Na mesma altura será discutida uma outra petição, a defender a realização de um segundo referendo, que recolheu mais de 120 mil assinaturas. E um terceiro documento, a defender a concretização do Brexit na data estipulada, a 29 de março, com ou sem acordo com a UE, com mais de 140 mil assinaturas..Apesar de a data de 29 de março já estar oficialmente fora destas contas - a nova data é 12 de abril, podendo ser alargada para 22 de maio, caso o acordo de May ainda seja aprovado.