Gota fria derruba palmeira que era Património da Humanidade

"La Centinela", como era conhecida, tinha 25 metros de altura e mais de 200 anos. Fazia parte de conjunto classificado pela Unesco. Não resistiu às cheias dos últimos dias.
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A queda de "La Centinela", a mais alta do conjunto que a Unesco classificou como Património da Humanidade desde 2000 está entre os danos materiais causados pela passagem da gota fria - um fenómeno meteorológico que provocou cheias no sul de Espanha fazendo seis vítimas mortais e pelo menos 500 desalojados.

"La Centinela", como era chamada, tinha 25 metros e era a mais alta do Parque Municipal de Elche, em Alicante, onde se concentra este palmeiral, o maior da Europa. Pelas suas características, incluía-se no conjunto de palmeiras singulares, isto é, tinha cuidados adicionais e revisões periódicas por parte da autarquia, segundo explicou o vereador dos Parques de Jardins da câmara de Elche, Héctor Díez, à Europa Press.

Essa atenção, porém, não impediu que fosse derrubada. Os especialistas vão procurar saber nos próximos dias qual a causa da queda de "La Centinela", um exemplar com mais de 200 anos de vida.

A idade avançada pode ser uma das causas do sucedido, disse um engenheiro florestal que esteve no local. "O facto de ser uma palmeira muito velha pode ter influído na sua queda, não tanta por causa das rajadas de vento, mas pela grande quantidade de água que caiu" na última semana e que deixou submersas várias zonas de Espanha.

A acumulação de água faz com que as palmeiras absorvam uma grande quantidade de água na parte superior, "o que poderá ter feito quebrar o tronco", afirmou o engenheiro florestal da autarquia, o primeiro a fazer uma inspeção no local.

O oásis alicantino

"La Centinela", que se encontrava nas traseiras da Horta do Chocolateiro, era a palmeira mais alta do centro histórico de Elche depois de em 2015 ter sido declarado o óbito de "La Golodrina" (Andorinha), outra das chamadas palmeiras singulares, que sucumbiu, acredita-se, devido à idade. Tinha 220 anos.

O palmeiral de Elche é um oásis de entre 200 a 300 mil árvores, o maior da Europa com os seus mais de 500 hectares e um dos mais extensos do mundo. Servia fins agrários e as parcelas em que foram plantadas são chamadas de hortas - a do chocolateiro, a do 'cura'... Pelas suas condições meteorológicas (é uma zona cálida), a cidade sempre teve muitas palmeiras.

Foram os extensos e complexos sistemas de rega do palmeiral que foram reconhecidos pela Unesco. Começaram a ser estruturados no século VIII depois de Cristo, embora já existissem antes, como demonstram os desenhos de folhas desta árvore em cerâmicas com mais de 2 mil anos e remontando à ocupação fenícia. É, diz a organização de preservação do património, "um exemplo único das técnicas agrícolas árabes no continente europeu.

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