Gomes exulta o Benfica e volta a conquistar Cannes

O segundo volume de <em>As Mil e Uma Noites</em> não desilude. Mais duro, mostra que cada uma das três partes do filme pode ser vista independentemente
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"Viva o Benfica!". Foi assim que Miguel Gomes, no palco do Théatre Croisette, a sala da Quinzena dos Realizadores, apresentou o seu As Mil e Uma Noites -Volume 2: O Desolado, explicando aos presentes que estava com um cachecol do seu clube pela felicidade que lhe deu a conquista do 34º campeonato. Aliás, em duas das histórias da Princesa Xerazade há pistas benfiquistas...E, mais uma vez, pode-se falar em triunfo - sala cheia a aplaudir e uma reverência constante ao humor e à insanidade do filme.

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Este segundo volume não atraiçoa o gesto selvagem do primeiro e pode ser visto indistintamente (agora percebe-se que a lógica dos três volumes não fica limitada a uma ordem de visionamento). A epopeia dos contos do "mais triste dos países" ganho uma outra espessura, um outro tempo de cinema. As histórias parecem ganhar maior corpo. Génios da lâmpada a coexistirem com caretos cleptomaníacos ou cachorrinhos fantasmas num prédio onde há casais com pactos suicidários são algumas das sinalizações dessa mistura traquina que Gomes montou para cruzar histórias verdadeiras com um argumento de ficção. Desta vez, ele próprio e a sua equipa ficam de fora, mas não deixa de haver um contrato com uma ideia de desconstrução das próprias regras de planeamento estrutural narrativo - nunca uma obra de Gomes sugeriu tanto a liberdade de César Monteiro.

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