Golfinhos, leões-marinhos, papagaios…e muitas horas a preservar as espécies

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O Zoomarine são os golfinhos, os leões-marinhos, também os papagaios e as araras, as cobras, enfim, um mundo animal cheio de cor e de variedade, mas também de ciência e proteção da natureza. Atividades que podem passar despercebidas ao comum dos visitantes, como o centro de reabilitação para espécie aquáticas (Porto d"Abrigo), sobretudo tartarugas. Juntam-se os escorregas, a praia com ondas e os espetáculos para atrair milhares de visitantes. Mas a pandemia levou a que limitassem a frequência a 30% por questões de segurança. Receberam 640 mil pessoas em 2019.

O parque abriu as portas em 1991, com o objetivo de "criar um espaço pioneiro, em Portugal, que aliasse educação, ciência, conservação da natureza, reabilitação ambiental e entretenimento", diz Élio Vicente, biólogo marinho, diretor do Porto d"Abrigo.

Vivem neste zoo, localizado em Albufeira, Faro, 1600 animais, entre mamíferos, aves, répteis, peixes, invertebrados, numa variedade de 259 espécies, todas nascidas e criadas em cativeiro. Os animais selvagens são devolvidos ao habitat natural, desde que tenham condições de saúde. Manter toda esta estrutura envolve um investimento de 15 milhões de euros anuais e que é pago com as receitas de bilheteira. Bilheteira que neste ano ficou reduzida, decidiu a administração, para poder garantir o distanciamento físico devido à covid-19 e dizer aos visitantes que "não há enchentes".

Entre os moradores famosos do parque, dois fazem já parte da história e não apenas em Portugal: Sam e Alfa. A Alfa foi o primeiro golfinho do Zoomarine a nascer por inseminação artificial (IA) por comportamento voluntário, o que significa, segundo aquele biólogo, "a participação consciente, deliberada, sem restrição física ou medicamentosa da progenitora". Foi pioneira mas já muitos outros golfinhos nasceram no parque por IA. E o Sam que dá o nome ao delfinário e morreu a 13 de fevereiro de 2011, aos 50 anos. Era o golfinho macho mais velho do mundo, acima da média da sua espécie. Élio Vicente junta o Jojo, "o único elefante-marinho-do-sul a viver em Portugal, e a Skippy, uma maravilhosa leoa-marinha. Atualmente, é a Missy a mais velha, tem 42 anos.

O Sam inaugurou o Zoomarine, mas desde 1969 que fazia parte da vida de Pedro Lavia, o fundador e presidente do Mundo Aquático, empresa criada com o único propósito de gerir o parque. Engenheiro de profissão, que os colaboradores identificam como um "visionário" e um "sonhador-mor", vivia na Argentina quando encontrou o Sam, que levou depois para o México, mais tarde para os EUA e o Brasil, até chegar a Portugal.

Golfinhos são a atração

As apresentações de golfinhos, focas e leões-marinhos, aves tropicais e de rapina são os programas que os visitantes não querem perder. Podem, também, mergulhar numa piscina com golfinhos, dançar e serem levados por eles. Assistir a um espetáculo de acrobacias (Baía dos Piratas), ver cinema 4D, divertirem-se nas diversões mecânicas e nas piscinas.

Os golfinhos são a joia da coroa do Zoomarine, com espetáculos e visitas ao delfinário, tendo os anfiteatros reduzido a ocupação de dois mil para 425 lugares devido à pandemia. Limitações que levaram, também, a uma diminuição de funcionários, cerca de 300 atualmente.

Élio Vicente discorda que, nos últimos anos, o Zoomarine tenha desenvolvido mais a vertente de diversão. "Tem sido em todas as componentes (zoológica, conservacionista, diversão, aquática e social), mas é mais fácil os visitantes repararem na componente de diversão." Argumenta: "Começámos com 120 espécimes de cerca de 50 espécies, e agora são muito mais. O mais recente é uma preguiça-real, e temos, fora do Zoomarine, programas como o EduCar, a Operação Praia Limpa, a Operação Montanha Verde, etc."

Cada animal no seu habitat

A grande maioria das espécies nascidas no Zoomarine ficam no parque - golfinhos, focas, leões-marinhos, otárias-sul-africanas, raias, tubarões, cavalos-marinhos, araras, papagaios, tartarugas, cágados, etc. Em 29 anos, mais do que duplicaram as espécies com que abriram o parque - eram cem em 1991.

Os que o deixam tem que ver com questões técnicas e de defesa animal, por exemplo, fazer parte do Programa Europeu de Reprodução de Espécies Ameaçadas (EEP). Nestes casos, são trocados com animais de parques similares, para formar ou diversificar uma família reprodutiva. "Os zoos modernos e legais nunca vendem animais nem os cedem a privados, apenas fazem trocas com outros zoos certificados e autorizados para cada espécie", sublinha Élio Vicente.

Os animais que caem em redes de pescadores; dão à costa doentes ou perdidos; vivem ilegalmente em casas particulares, lojas de animais ou restaurantes, são tratados no Porto d'Abrigo, sob vigilância do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Uma vez reabilitados, devolvem-se ao meio selvagem, seja em Portugal ou no estrangeiro, nomeadamente a Inglaterra, Holanda, EUA e França. Os que não podem ser entregues ao seu meio, por idade, doença ou outro problema, são enviados para uma entidade (nacional ou estrangeira) escolhida pelo ICNF. "Em circunstância alguma o Zoomarine aceita, por uma questão ética e de princípio, ficar com um espécime (por mais especial ou rara que possa ser." Este centro de reabilitação de espécies aquáticas foi criado em 2002, dando espaço próprio a uma atividade iniciada em 1989.

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