GNR em protesto perto de arruada de Passos Coelho
Duas "comitivas" improváveis correm o risco de se cruzar amanhã à tarde: os militares da GNR em protesto por o governo não lhes ter aprovado o estatuto profissional e Pedro Passos Coelho e companhia na tradicional arruada do Chiado, em Lisboa, um ponto alto da campanha da coligação.
O ponto de encontro dos manifestantes da Guarda é o Largo de Camões, onde amanhã, a partir das 17.00, começarão a reunir-se as centenas ou milhares de militares da GNR à civil (sem a farda), associados da APG-GNR de todo o país, unidos no descontentamento pela não aprovação do estatuto, enquanto o da PSP foi aprovado. Do Camões seguem, segundo o plano, para a residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. Mas é quase certo que o "inquilino" do palácio não esteja ali para os ouvir. Entre as 16.00 e as 17.00 a comitiva da coligação, com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas à cabeça do desfile, iniciará a tradicional arruada do Chiado, podendo vir a cruzar-se com os descontentes da GNR.
Dois mil guardas será "bom"
A maior associação da Guarda, a APG-GNR, concentra oito mil sócios mas a organização da manifestação não espera mais de dois mil na manifestação, vindos de norte a sul do país. "Seria bom" esse número, admite fonte da estrutura associativa. Segundo apurou o DN, a conjuntura atual na força de segurança não ajudará a uma mobilização mais expressiva. A GNR iniciou o processo de promoções que abrange todas as categorias e nesta semana começam a efetivar-se as transferências de militares e as movimentações dos 450 cadetes recém-formados na Escola da Guarda, em Portalegre.
O presidente da APG-GNR, César Nogueira, enfrenta agora um novo processo disciplinar por ter feito declarações polémicas para a hierarquia, quando defendeu um novo estatuto profissional. "Teve a ver com ter dito que a não aprovação do estatuto teve pressões de oficiais generais das Forças Armadas, neste caso do Exército", disse César Nogueira à Lusa, a 21 de setembro.
Fontes da corporação adiantaram ao DN que também falta ser publicado o decreto-lei que clarifica os regimes transitórios à passagem de situação de reserva e reforma aplicáveis aos militares da GNR, com regras que terão os mesmos termos que as Forças Armadas, como a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, sublinhou no final de agosto.
Essa foi a compensação que a ministra deu à GNR pela não aprovação do estatuto, tendo sublinhado então que com a clarificação dos regimes transitórios para reserva e reforma se poria um ponto final a "uma situação que gerava desigualdade entre o tratamento dos militares da GNR e das Forças Armadas".
Os ingredientes para um protesto maciço já foram mais, mas, ainda assim, o protesto será realizado amanhã.