Glintt: continuar a crescer a 10% ao ano

Em 2021 ultrapassou os 100 milhões de euros de volume de negócio, e apesar da instabilidade adjacente da situação macroeconómica, a convicção de Luís Cocco, o novo CEO da empresa, é de que a organização tem condições para manter o ritmo de crescimento.
Publicado a
Atualizado a

Quando uma organização tem um novo responsável normalmente opta ou por uma continuidade da estratégia ou por uma mudança. No caso da Glintt - Global Intelligent Technologies, que começou o ano com um novo CEO - Luís Cocco - a "nova" estratégia combina continuidade com um novo foco. O novo responsável quer apostar nas pessoas, mas sem esquecer a rentabilidade da empresa.

Nos últimos tempos a empresas conseguiu crescer e ter uma boa saúde financeira - se há seis anos, segundo Luís Cocco, tinha um rácio de endividamento de 6%, hoje o valor está pela metade -- e a ideia é continuar nessa linha -- crescer entre 8 e 9% ao ano. Mas com uma diferença. Em vez de apostar no crescimento por aquisições o novo responsável da Glintt prefere fazê-lo através do crescimento orgânico. Sendo que, na opinião de Luís Cocco, no que concerne à rentabilidade da empresa "há capacidade para aumentar".

Mas isso só será possível se se apostar nas pessoas. É essa a convicção de Luís Cocco, que afirma, convicto, que nas empresas de serviços (como a Glintt) as pessoas são fundamentais. Razão pela qual o CEO tenciona reforçar a área de Recursos Humanos (que antes a empresa não tinha).
A questão é que Portugal (e o mundo) atravessam uma altura de escassez de pessoas. Questionado como conseguirá aumentar o número de colaboradores neste cenário Luís Cocco refere que a empresa pretende "atacar" a questão a vários níveis, proporcionando um bom ambiente de trabalho. Mesmo porque "a remuneração é importante, mas não é tudo". E muita desse ambiente de trabalho passa por proporcionar e usar novas formas de trabalho. A empresa aderiu, quase na totalidade (91%), ao teletrabalho em fevereiro de 2020, ainda antes deste ser decretado pelo governo. Neste momento estão a usar no processo de modelo híbrido e querem finalizá-lo, alargando o mesmo às várias pessoas possíveis. A ideia é que as pessoas possam ir "x" dias ao escritório, onde se reúnem com o resto da equipa, por forma a que não se perca a cultura da empresa, e, nos restantes dias, possam continuar o seu trabalho em casa. Para tal a Glintt está a remodelar o espaço. O objetivo, revela Luís Cocco é o de tornar o ambiente mais informal e agradável. Um pouco parecido a uma casa.

Cada caso será analisado individualmente e, claro, haverá exceções. Esta é a promessa de Luís Cocco que lembra que, com a pandemia, houve pessoas que saíram de Lisboa. E não faz sentido "obrigar" alguém que está, por exemplo, em Bragança ou Viseu, a vir dois dias por semana ao escritório. No entanto o responsável não acredita no 100% teletrabalho porque não cultiva a cultura da empresa. Consoante as equipas as pessoas deverão ir à Glintt dois ou três dias no mínimo, explica.

O ano começou com expectativas fortes de crescimento para Portugal e Espanha - entre 5 e 6%. No entanto o responsável reflete que a guerra na Ucrânia trouxe impactos. Como reconhece Luís Cocco, "a nossa atividade tem uma relação com o crescimento económico" e, claramente, as expectativas de crescimento caíram de forma radical. De uma expectativa de cerca de 6% ao ano.... "neste momento até já se fala em recessão". O segundo impacto, acrescenta, tem a ver com as cadeias de abastecimento e, paralelamente, e de uma forma acentuada, o aumento dos preços. O que, no caso da Glintt, tem como resultado a diminuição das margens. Num primeiro momento a empresa tentou compensar esses aumentos com eficiências operacionais, mas, naturalmente, "nalgum momento vamos ter de refletir para os clientes". Mesmo porque "temos uma política estrita de rentabilidade".

O cenário futuro pode ser incerto e algo nubloso, mas o certo é que a Glintt terminou 2021 com um volume de negócios consolidado superior a 100 milhões de euros. Algo que não acontecia desde 2010 e que representa um crescimento de 11,9% quando comparado com os 91,6 milhões de euros verificados no ano de 2020.

Segundo a empresa grande parte do valor veio do mercado internacional - que registou um crescimento de 27%, com um aumento de 6,3 milhões de euros. O mercado nacional também cresceu -- cerca de 7% -- o que implicou um acréscimo de 4,7 milhões de euros.

Para 2022 a convicção de Luís Cocco é a de que a empresa irá continuar a crescer. "Estamos com uma dinâmica muito boa", afirma, acrescentando que, olhando para as contas semestrais, a Glintt está a crescer, em termos de volume de negócio, cerca de 10% ao ano. "Acredito que, provavelmente, vamos manter este nível de crescimento e ter um dos maiores volumes de negócio de sempre". Já no resultado operacional "estamos a crescer 18%", sendo que "tudo indica que vamos conseguir manter este nível de crescimento". O mesmo em relação ao resultado líquido. Os forecasts feitos a cada três meses indiciam, segundo o responsável máximo da Glintt, que a empresa terá uma "performance muito boa". O certo é que, no primeiro semestre, a empresa faturou 56 milhões de euros. O que já permite ter uma ideia do possível valor para o final do ano.

"Queremos crescer 10% ao ano. O ano passado fizemos 100 milhões", afirma Luís Cocco, que refere que a empresa está muito forte e apresenta uma boa dinâmica, quer em Portugal, quer em Espanha. E insiste num pormenor não muito conhecido. "Somos tão fortes em Espanha como em Portugal", afirma, acrescentando que "somos o líder ibérico para soluções tecnológicas de saúde". Sendo que a dimensão do mercado espanhol, no caso específico da saúde, ultrapassa a proporcionalidade da dimensão. "Em Portugal há cerca de 3000 farmácias, Espanha tem 22 mil".

Em termos de futuro Luís Cocco é perentório: passa pela internacionalização. Pelo crescimento em mercados externos, nomeadamente, aproximadamente nos próximos três anos, por Espanha. Depois "teremos de pensar noutra geografia".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt