Gestores de pés e mão atados

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O turismo espera um retorno à normalidade apenas em 2023, pelo menos em Portugal. Com o atraso da vacinação, muitos agentes deste setor estão preocupados quanto a este ano e ao próximo. Vítor Constâncio, ex-governador do Banco de Portugal, disse também ontem que a retoma afinal vai derrapar mais um ano e só chegará em 2023. Porém, nem todas as áreas estão tão pessimistas quanto ao regresso à atividade em pleno. Um novo estudo revela que quase metade dos presidentes executivos (CEO) mundiais acreditam num regresso ao normal em 2022.

No planeamento da atividade empresarial pós-pandémica, 45% dos líderes das maiores e mais influentes empresas a nível global, inquiridos para o KPMG CEO Outlook Pulse Survey de 2021 esperam um retorno ao "normal decurso" dos seus negócios em 2022, por oposição a quase 31% dos que antecipam que este regresso será concretizado já em finais deste ano. Além disso, um quarto dos questionados (24%) consideram que o seu modelo que negócio foi alterado para sempre.

Este inquérito ouviu 500 CEO de empresas globais, entre os meses de fevereiro e março últimos, e mostra que a maioria está bastante apreensiva: 55% dos gestores estão preocupados com o demorado acesso dos seus trabalhadores à vacina da covid-19 e admitem um regresso lento dos funcionários às instalações das empresas. Um terço dos inquiridos dizem-se inquietos quanto às informações públicas acerca da fiabilidade das vacinas e quanto ao processo de vacinação, uma vez que a "desinformação" poderá potenciar uma recusa em ser vacinado, por parte dos seus colaboradores.

Só a vacinação permitirá recuperar algum otimismo no meio deste tempestivo ano de 2021, admite. A maioria tomou medidas de adaptação, resiliência e reinvenção quando confrontados com a crise do coronavírus, mas, face a algumas respostas e ao que ouvimos também todos os dias da parte dos agentes económicos em Portugal, os líderes sentem-se agora como que de mãos e pés atados para enfrentar a tempestade que ainda não perdeu força e tende a perdurar. Para a maioria dos empresários e dos gestores por conta de outrem, as transformações necessárias aos negócios estão feitas. Falta agora que União Europeia e governo façam a sua parte em matéria de saúde pública.

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