Paul Auster, Emily Fridlund, Mohsin Hamid, Fiona Mozley e Ali Smith estavam na mesma fotografia que George Saunders tirada pouco antes de ser efetuado o anúncio do vencedor da edição de 2017 do Prémio Man Booker para a ficção, mas na que se seguiu foram "banidos" da fotografia oficial. Só lá ficou o norte-americano - o segundo desta nacionalidade em dois anos -, aquele que escreveu uma arrojada história que foi selecionada pelo júri para seguir da lista inicial para a shortlist, um escolha que abriria o caminho para o triunfo confirmado..Não vale a pena ignorar que, tal como no ano passado aconteceu com a sul-coreana Han Kang no Man Booker Internacional, desde cedo que George Saunders se tornou o suspeito para vencer esta prova literária em língua inglesa, uma maratona em que foi subindo com relativa facilidade nas preferências após a exclusão da romancista indiana Arundhati Roy, Zadie Smith e Colson Whitehead, numa decisão que surpreendeu muitos especialistas, principalmente por manterem o romance 4321 de Paul Auster na lista final em detrimento de qualquer um dos referidos..Lincoln no Bardo não era o único primeiro romance de um escritor nesta fase final, ao lado de George Saunders encontravam-se outras duas romancistas de um primeiro livro: Mozley com Elmet e Fridlund com History of Wolves. Mas Saunders, nascido em 1958, tem um currículo que estas duas autoras não possuem, afinal foi finalista do National Magazine Award e do National Book Award e recebeu dois PEN pelos seus contos, entre outras distinções. A sua obra anterior foca-se principalmente em contos, ensaios, novelas e literatura para crianças..Lincoln no Bardo fora elogiado por Zadie Smith - "uma obra-prima" - e por Colson Whitehead - "um livro generoso e de enorme humanismo" - e é fruto de uma narrativa considerada "caleidoscópica e teatral, entoada ao som de diferentes vozes, para fazer uma pergunta profunda e intemporal: como podemos viver e amar sabendo que tudo o que amamos tem um fim?" Uma pergunta que o deixou sem palavras por uns instantes após o anúncio..A presença de três autores norte-americanos não agradou a certas fações literárias britânicas, pois se Emily Fridlund, Paul Auster e George Saunders podem entrar nestas "competições" no Velho Continente, o mesmo não acontece aos ingleses nos concursos no novo mundo. As críticas foram tantas que a presidente do júri, a baronesa Lola Young, teve de se justificar: "Nacionalidade não é uma questão para o modo como decidimos o vencedor. Só posso dizer que julgamos os livros submetidos com base no que está escrito nas suas páginas e não no que respeita a nacionalidade ou género."